Zaganelli Oliveira | WhatsApp

O que é e quais são os sintomas da doença (ou moléstia) de Dupuytren?

Por: Dr. Sonival Azevedo Oliveira

As mãos e os punhos são regiões que podem ser acometidas por diversas condições osteomusculares. Afinal, são estruturas complexas e delicadas, além de serem utilizadas constantemente no nosso dia a dia.

Entre elas, está a doença de Dupuytren, que é uma condição fibroproliferativa que afeta a fáscia palmar, um tecido localizado logo abaixo da pele e que protege os tendões, os vasos e os nervos que passam pela palma da mão. A condição pode causar a formação de nódulos e fibras, cuja principal complicação é a contratura persistente e progressiva dos dedos.

Além da doença de Dupuytren, outras doenças também podem afetar a mão, sendo necessário diferenciá-las para chegar a um diagnóstico preciso e um tratamento adequado. Por exemplo, outra condição com que afeta tenossinovite estenosante dos flexores (dedo em gatilho), que também provoca a contratura de flexão nas articulações, dificultando a dobra e a extensão dos dedos.

Também existe a Síndrome de De Quervain, uma inflamação dos tendões abdutor longo e extensor curto do polegar, resultando em dor, inchaço e crepitação na região próxima ao polegar (tabaqueira anatômica).

Neste post, vamos focar na doença (moléstia) de Dupuytren, mostrando como ela pode ser diferenciada de outras condições da mão e do punho. Acompanhe!

O que é doença (ou moléstia) de Dupuytren?

A fáscia palmar é uma estrutura anatômica localizada na região da palma da mão. Ela é composta por tecido conjuntivo denso, o qual tem a função de sustentação e proteção das estruturas próximas, como músculos, tendões, nervos e vasos sanguíneos que passam pela região.

Além disso, a fáscia palmar contribui para a estabilidade e funcionalidade da mão, permitindo movimentos mais precisos e coordenados. Portanto, é fundamental para a biomecânica da mão. Afecções na fáscia palmar comprometem a funcionalidade das mãos, comprometendo a qualidade de vida dos pacientes.

A doença de Dupuytren é uma condição benigna (não-cancerosa) que surge devido à fibrodegeneração da fáscia palmar. Isso significa que há um espessamento lento do tecido conjuntivo, o que pode levar à formação de nódulos e faixas fibrosas que podem reduzir a flexibilidade da estrutura e comprimir importantes estruturas próximas.

Uma das características mais marcantes da doença de Dupuytren é a sua evolução insidiosa. Em outras palavras, a progressão da doença é lenta. Nesse sentido, o paciente pode demorar a se preocupar com a redução da capacidade de extensão dos dedos e com a rigidez articular na mão afetada.

Causas

As causas da doença de Dupuytren ainda não foram esclarecidas. A predisposição genética parece influenciar bastante o desenvolvimento da doença, visto que pessoas com ancestralidade de países do norte da Europa são mais comumente afetadas. Alguns estudos mostraram que esses indivíduos podem ter uma alteração nos genes que regulam a proliferação de células fibroblásticas.

Outros fatores risco para a doença de Dupuytren incluem:

  • Sexo – ela é muito mais frequente em homens do que em mulheres;
  • Exposição ocupacional – alguns estudos (ainda não conclusivos) apontam que trabalhadores que realizam atividades repetitivas ou com vibração das mãos apresentam um maior acometimento;
  • Diabetes mellitus – a contratura é mais frequente em pessoas com diabetes, podendo acometer 16% a 42% desse grupo;
  • Alcoolismo e tabagismo.

Além disso, a doença é mais comum em pessoas com fibroses em outras estruturas osteomusculares, como a fibromatose plantar.

Sintomas

Como vimos, a doença apresenta uma evolução lenta. Então, muitos pacientes acometidos podem ser assintomáticos. À medida que ela progride, podem surgir sintomas cada vez mais intensos ou graves.

Algumas manifestações comuns são:

  • Nódulos na palma da mão: surgimento de pequenos “caroços” na palma da mão, mais frequentemente na área próxima aos dedos;
  • Contratura dos dedos: flexão involuntária dos dedos afetados com dificuldade progressiva para a extensão completa dos dedos, especialmente mente o anelar e o dedo mínimo;
  • Dor: a dor não é um sintoma comum nas fases iniciais da doença, mas pode surgir à medida que ela progride, sendo desencadeada principalmente por movimentos de extensão dos dedos;
  • Diminuição da amplitude de movimento dos dedos;
  • Deformidades nas mãos: em casos avançados, os nódulos podem se tornar aparentes.

Os sintomas podem se assemelhar aos de outras condições comuns das mãos, como o “dedo em gatilho”. A diferenciação entre elas pode ser feita no exame físico realizado por um médico experiente. Algumas manobras são capazes de corrigir a contratura no “dedo em gatilho”, mas, no caso da doença de Dupuytren, a contratura tende a ser mais rígida e incorrigível.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é predominantemente clínico, baseado nos sintomas e sinais da doença identificados durante a consulta com um ortopedista ou cirurgião da mão. Exames de imagem e de sangue podem ser requisitados para auxiliar a excluir outras causas, mas não são fundamentais para o diagnóstico.

O tratamento depende, entre outros fatores, da gravidade da doença. Em casos leves, pode ser indicado o acompanhamento regular do paciente sem nenhuma intervenção, exercícios fisioterápicos ou a imobilização temporária da mão.

Em casos intermediários, pode ser indicada a injeção intralesional de corticoides ou de colagenase. A microcirurgia é o tratamento preferencial para pacientes com estágios mais avançados da doença ou com maior disfuncionalidade das mãos, por exemplo.

Portanto, a doença de Dupuytren é uma condição fibrodegenerativa relativamente comum. Apesar de seus sintomas poderem ser confundidos com os de outras doenças, eles podem ser facilmente diferenciados por um médico especializado. Quanto antes essa moléstia for descoberta e acompanhada, melhores são as chances de recuperação.

Quer saber mais sobre o dedo em gatilho, uma das condições que podem ser confundidas com a doença de Dupuytren? Toque aqui!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *