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Inseminação artificial

Por: Dra. Fabrícia Leal Zaganelli

O tratamento da infertilidade deve ser individualizado. As técnicas de reprodução assistida (TRA) podem ser divididas em alta complexidade, que se refere à fertilização in vitro (FIV), e baixa complexidade, englobando a relação sexual programada (RSP), também conhecida como com coito programado, e inseminação intrauterina (IIU) ou também chamada de inseminação artificial.

A inseminação artificial é considerada um tratamento eficaz, de baixo custo, não invasivo. Trata-se de uma técnica que envolve preparação dos espermatozoides e deposição da amostra seminal diretamente na cavidade uterina após ovulação. É um método simples, seguro e com mínimos riscos quando monitorado adequadamente.

O que é inseminação artificial ou inseminação intrauterina (IIU)?

A inseminação artificial ou intrauterina é uma técnica de reprodução cujas indicações são:

  • fator cervical;
  • fator masculino leve;
  • problemas psicológicos ou físicos que impeçam a relação sexual (como vaginismo, problemas de ejaculação, malformações ou problemas neurológicos);
  • casais sorodiscordantes ou casais infectados pelo HIV com cepas virais diferentes;
  • endometriose mínima e leve;
  • fator tubário parcial.

O sêmen é coletado e preparado, para que sejam selecionados os melhores espermatozoides, e em seguida é depositado na cavidade uterina para que a fecundação possa acontecer.

O principal objetivo da técnica é facilitar o encontro dos espermatozoides com o óvulo, para que possam fecundar. Além disso, é feito um tratamento hormonal para que a ovulação libere um número maior de óvulos, aumentando ainda mais as chances de sucesso.

A IIU com sêmen homólogo (do próprio paciente) é mais frequentemente indicada para fator masculino leve ou infertilidade sem causa aparente (ISCA). Já o uso de sêmen heterológo (sêmen doado) vem sendo amplamente utilizado por casais homoafetivos femininos e mulheres solteiras que desejam engravidar.

As taxas de gestação por ciclo com uso de IIU variam de 8 a 22%.

As contraindicações que podem dificultar o procedimento da IIU são atresia do canal endocervical, cervicite e endometriose (pelo risco de disseminação da infecção pela manipulação uterina), disfunção da cavidade pélvica por distorção da anatomia.

Como é feita a inseminação artificial?

A IIU é uma técnica que pode ser realizada no próprio consultório médico, já que seus procedimentos são de baixa complexidade. Existem três etapas principais para realizá-la, que são a estimulação ovariana, o preparo seminal e a inseminação.

Estimulação ovariana

A IIU pode ser realizada com ciclo menstrual natural ou com estimulação ovariana controlada, utilizando medicações orais ou injetáveis.

O procedimento se inicia com a estimulação ovariana, que é um tratamento hormonal realizado para estimular os ovários a recrutaram um número maior de folículos ao crescimento, o que também aumenta o número de óvulos disponíveis. No entanto, esse número não pode passar de 3 para evitar gestação múltipla ou ter que converter para FIV (coleta dos folículos em laboratório).

Em um cenário considerado normal, a mulher libera um único óvulo a cada ciclo menstrual. A estimulação é feita para aumentar esse número e, consequentemente, a chance de um óvulo ser fecundado.

O crescimento dos folículos é acompanhado por ultrassonografias, que são realizadas a cada 2 dias, aproximadamente. Quando os folículos ovarianos alcançam o tamanho adequado, são administrados outros medicamentos hormonais para a indução da ovulação, ou seja, para o rompimento dos folículos.

Coleta dos espermatozoides

A coleta do sêmen e o preparo seminal ocorrem quando a ultrassonografia mostra o rompimento dos folículos, momento que marca o período fértil. A coleta é feita por meio de masturbação e armazenada diretamente em um frasco, que deve ser identificado.

Normalmente é feito na própria clínica. A amostra é submetida ao processo de capacitação espermática, cujo objetivo é selecionar os espermatozoides com maior motilidade, eliminando o plasma seminal com espermatozoides imóveis, células imaturas e detritos da amostra.

Inseminação

A inseminação em si acontece quando os óvulos e o concentrado de espermatozoides estão disponíveis para a fecundação.

Com o auxílio de uma cateter flexível, o material genético do homem é depositado dentro do corpo da mulher, em sua cavidade uterina. Os gametas se encontram e a fecundação deve acontecer naturalmente. Após a inseminação, a paciente deverá ficar em repouso no consultório por 20 minutos, a fim de que o sêmen alcance o interior das tubas e ocorra a fertilização.

E se não funcionar?

A inseminação artificial é uma técnica que oferece cerca de 20% de chances de sucesso a cada ciclo. Se a primeira tentativa não resultar em uma gestação, é possível repetir o processo em até 3 ciclos. Se ainda assim não se obter um resultado positivo, há a indicação de FIV.

A FIV é uma técnica de alta complexidade, com procedimentos mais avançados e com cerca de 40% de chances de sucesso. É indicada em casos mais graves de infertilidade e em casos em que não se pode realizar as técnicas de baixa complexidade ou quando as tentativas anteriores de IIU ou relação sexual programada (RSP) não funcionaram.