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Asma

Por: Dra. Elaine Vidigal

Asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores. Essa condição comumente aparece associada a outras doenças atópicas, como rinite e dermatite atópica. O quadro é caracterizado por sintomas recorrentes que podem se agravar durante os episódios agudos, como tosse seca, chiado no peito, falta de ar e pressão torácica.

As vias aéreas do trato respiratório inferior correspondem aos órgãos que estão situados na caixa torácica: pulmões, brônquios, bronquíolos, alvéolos e parte inferior da traqueia.

No caso da asma, ocorre um estreitamento dos brônquios, os quais são canais responsáveis por transportar o ar até os pulmões. Durante as crises de asma, ocorre a contração desses canais, condição chamada de broncoespasmo, podendo interferir gravemente na capacidade de ventilação.

As crises de asma motivam a busca por ajuda médica, tanto pelo incômodo dos sintomas quanto pelo medo das consequências de um episódio grave. O diagnóstico pode vir logo na infância, mas com o tratamento adequado, é possível ter uma vida normal.

Causas e fatores de risco

A asma é causada pela interação entre fatores genéticos e ambientais. Sendo assim, o indivíduo que já tem uma predisposição biológica ao desenvolvimento dessa doença se torna ainda mais suscetível às crises asmáticas quando é exposto a fatores desencadeantes.

O quadro de asma pode ou não ser desencadeado por uma reação alérgica. Em geral, as alergias representam respostas exacerbadas do sistema de defesa. Partindo desse mecanismo, nos casos de asma ocorre a hiper-reatividade dos brônquios — o que indica uma resposta broncoconstritora exagerada, isto é, o estreitamento das vias respiratórias que leva a prejuízos na passagem do ar.

A asma começa a ser definida ainda na fase intrauterina. O período que abrange o desenvolvimento fetal e os primeiros três a cinco anos de vida é fundamental para a formação, o crescimento e a maturação pulmonar, sendo a época em que ocorre a definição dos pulmões — em aspectos estruturais e funcionais. Alterações durante esse processo de amadurecimento podem deixar as vias aéreas mais suscetíveis aos estímulos ambientais, permitindo uma maior sensibilização com alérgenos.

Entre os fatores de risco para a predisposição à asma, estão: mãe tabagista; mãe com asma ou outras doenças alérgicas e respiratórias; prematuridade — sobretudo se o bebê desenvolver uma doença estrutural chamada displasia broncopulmonar.

No dia a dia do portador de asma, existem várias condições que podem provocar a manifestação aguda da doença, como os alérgenos comuns e os fatores irritativos. Os principais são:

  • ácaros;
  • fungos;
  • pólens;
  • pelo de animais;
  • fezes de barata;
  • infecções virais;
  • fumaça de cigarro;
  • poluição ambiental;

Além disso, outros estímulos ambientais funcionam como gatilho, como mudança brusca de temperatura, prática de atividades físicas e até condições psicológicas. A literatura médica fala a respeito dos fatores emocionais que podem atuar como deflagradores das crises de asma.

Na adolescência, o aspecto psicológico parece estar mais acentuado, devido aos conflitos emocionais que já são intensos nessa época da vida. Podemos destacar como estopim as situações de bullying, ansiedade em períodos de prova, problemas com relações afetivas, dificuldade de entrosamento com os colegas, necessidade de aceitação etc.

Sintomas da asma e possíveis complicações

A asma é uma condição crônica que pode permanecer assintomática quando bem controlada. Contudo, nas fases de agudização, a doença é caracterizada por sintomas como tosse seca (principalmente no período noturno ou logo ao acordar), que pode vir acompanhada de broncoespasmo (chiado no peito), aperto no peito e falta de ar.

A dificuldade respiratória e o chiado no peito são decorrentes do estreitamento das vias respiratórias, o que prejudica a passagem do ar — tanto para inspirar, quanto para expirar. Durante as crises, também pode ocorrer sensação de falta de ar, pressão torácica e até dor no peito.

Portanto, a asma é uma doença que cursa com a inflamação crônica das vias respiratórias, mas pode se agravar durante os episódios agudos. Em casos muito graves, pode haver queda da saturação do oxigênio, insuficiência respiratória e até parada cardiorrespiratória.

Avaliação diagnóstica

O diagnóstico da asma começa com a avaliação clínica. Por meio de uma anamnese bem estruturada, é possível obter uma série de informações importantes para formular a hipótese do quadro. Ao chegar no consultório, comumente também é detectado que o paciente tem rinite mal controlada, o que fortalece o vínculo entre as duas doenças.

Alguns exames são úteis para confirmação diagnóstica da doença, como a espirometria ou prova de função pulmonar. Trata-se de um método de avaliação que mede a quantidade de ar que o paciente consegue inspirar ou expirar a cada movimento de respiração, assim como a velocidade do fluxo.

Esse tipo de exame não é comumente indicado para crianças, uma vez que os resultados dependem da interação eficiente do paciente. No acompanhamento infantil, o diagnóstico é principalmente baseado na história clínica.

É oportuno mencionar que o teste de função pulmonar é um exame aplicado pelo especialista em pneumologia. No tratamento da asma, o médico alergista e o pneumologista trabalham juntos. A atuação do alergista é fundamental para identificar a causa e o tipo de asma, o que pode mudar o rumo do tratamento.

Formas de tratamento

A asma é uma condição variável e, como tal, seu tratamento também varia de paciente para paciente — assim como a mesma pessoa asmática pode ter modificações na intervenção medicamentosa ao longo do acompanhamento médico. Nesse sentido, é importante que a definição terapêutica seja individualizada.

O tratamento farmacológico da asma pode ser feito com dois tipos de medicação: uma controladora ou de manutenção, a fim de prevenir a piora do quadro, a outra para aliviar os sintomas nos momentos de crise. Isso é definido de acordo com o grau de controle e manifestação da doença.

Pacientes com asma controlada — em casos de doença intermitente e de sintomatologia leve — podem tratar somente os sintomas de crise. Nessas ocasiões, utiliza-se a bombinha ou nebulização com um fármaco broncodilatador. Por sua vez, os asmáticos de maior gravidade podem precisar de tratamento contínuo, o que envolve o uso de bombinha com corticoide.

No tratamento de crianças, o uso de bombinhas desperta o receio das mães. Contudo, as vantagens do tratamento se sobrepõem aos riscos. Os efeitos colaterais mais prováveis são aceleração transitória do batimento cardíaco (no uso dos broncodilatadores) ou desenvolvimento de candidíase oral, mais conhecida como sapinho (com o uso contínuo de corticoides inalados, sem os devidos cuidados com a higiene oral).

O método utilizado no tratamento da asma depende da idade do paciente, visto que isso altera o tipo de dispositivo que pode ser utilizado para liberar o fármaco. Existem técnicas para aplicação correta do medicamento, as quais são devidamente orientadas em consultório. Se não aplicado corretamente, o remédio pode ter efeitos colaterais ou não garantir o efeito esperado.

Crianças pequenas, por exemplo, precisam de máscara, espaçador e spray dosimetrado. Os corticoides mais utilizados nesses casos são fluticazona e budesonida. Para crianças maiores, adolescentes e adultos, existe também o pó para inalação em seus respectivos dispositivos.

No tratamento efetivo da asma, o médico alergista intervém na sensibilização alérgica de modo amplo. Além do uso controlado de bombinha, da intervenção nos episódios de crise e da imunoterapia (indicada para reduzir a sensibilidade do paciente frente aos estímulos ambientais), o controle de ambiente também é orientado, de modo a garantir um local adequado ao asmático, com menor exposição aos fatores que estimulam as reações brônquicas.