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Miniplástica de abdome

Por: Dr. Rafael Vidigal

A miniplástica de abdome é uma técnica cirúrgica para contorno abdominal que trabalha somente a área suprapúbica, isto é, realiza a ressecção do excesso de pele flácida que se localiza próxima à região suprapúbica.

A cirurgia é procurada por homens e mulheres que desejam remover a sobressalência do abdômen inferior que não é corrigida com dieta e exercícios físicos. Na absurda maioria dos casos é associada à lipoaspiração do contorno corporal e lipoenxertia glútea.

A cirurgia é menor do que a abdominoplastia convencional, possibilita recuperação mais rápida e resulta em cicatrizes menores. Contudo, a miniplástica de abdome é realizada somente em pacientes que atendem aos critérios de indicação.

Na consulta pré-cirúrgica, os pacientes são avaliados e informados sobre suas opções e limitações. Assim, alguns casos são direcionados a outros tipos de cirurgia plástica que possam atingir resultados mais evidentes no contorno abdominal. Nesse contexto, as técnicas se dividem em: abdominoplastia clássica; lipoaspiração; lipoabdominoplastia; miniplástica de abdome.

Indicações

Esse tipo de cirurgia proporciona melhores resultados em pacientes jovens, dentro da faixa de peso ideal, que realizam atividade física regular, hábitos de vida e alimentares saudáveis e com pouca flacidez de pele acima do púbis.

Tendo em vista a idade do paciente, as características de sua pele, o formato do tronco e a espessura do tecido adiposo, é possível estimar os resultados cirúrgicos. Os pontos estéticos avaliados após o período de recuperação incluem a harmonia do contorno abdominal, a naturalidade do umbigo e a posição e o aspecto das cicatrizes.

É importante que os pacientes tenham expectativas reais em relação à cirurgia plástica, uma vez que vários fatores contribuem para o resultado, assim como para a manutenção do novo contorno corporal.

Nesse sentido, vale frisar que a miniplástica de abdome — assim como a abdominoplastia clássica e a lipoaspiração — não substituem a adoção de hábitos saudáveis para tratamento de obesidade e perda efetiva de peso. Nenhuma cirurgia plástica serve para perda de peso ou tratamento de obesidade.

De fato, ocorre uma melhoria na harmonia do contorno corporal e, quando associada à lipoaspiração, ocorre discreta redução de medidas. Contudo, isso também é resultante da colaboração dos pacientes em perder peso para potencializar os efeitos da cirurgia plástica.

Miniplástica de abdome X abdominoplastia convencional

Tanto a miniplástica de abdome quanto a abdominoplastia convencional são realizadas para ajustar o excesso da flacidez no abdome, porém em diferentes proporções de ressecção da pele. Em decorrência disso, surgem outras diferenças entre as duas técnicas cirúrgicas, como:

  • na abdominoplastia clássica é necessário reposicionar o umbigo, uma vez que a região abdominal é modificada em maior extensão;
  • a plicatura (método de costura) é realizada em várias partes da musculatura dos retos abdominais, atuando para amenizar o afastamento (diástase) dos músculos reto abdominais, enquanto na miniplástica de abdome não é realizado de rotina, porém em casos selecionados e com indicação pode ser acrescido esse procedimento — o que também diferencia a localização, altura e posição do umbigo e a extensão das cicatrizes;
  • a cirurgia convencional associa-se a um maior tempo cirúrgico, bem como recuperação pós-operatória mais prolongada.

Uma técnica não se sobrepõe à outra em termos de qualidade estética final, portanto não é necessário equipará-las nesse sentido, apenas são indicadas para perfis distintos de pacientes. Assim, em casos de flacidez maior, pode ser preciso recorrer à cirurgia completa para corrigir o problema, inclusive associada à lipoaspiração (lipoabdominoplastia).

Procedimento

A plástica abdominal normalmente é realizada com anestesia peridural e sedação. Para iniciar o procedimento, é feita uma incisão na parte inferior do abdômen, poucos centímetros acima da implantação dos pelos pubianos — nas mulheres que passaram por parto cesárea, pode-se utilizar o mesmo local de corte se o grau de flacidez assim o permitir.

Frequentemente, a miniplástica de abdome está associada à remoção do excesso de gordura localizada por meio de lipoaspiração. Depois disso, a pele excedente (e não toda a pele flácida) localizada na região suprapúbica é ressecada (geralmente da metade inferior da distância entre o umbigo a poucos centímetros acima da linha de pelos pubianos) e, em casos de afastamento muscular (diástase), a plicatura também pode ser realizada com reposicionamento da cicatriz umbilical.

Por fim, as suturas são realizadas com cicatrizes bem menores que as da abdominoplastia e sem necessidade de ajustar umbigo (exclusivo dos casos sem plicatura muscular).

Acentuando que essa modalidade cirúrgica somente tem bons efeitos em casos de excesso cutâneo limitado à região suprapúbica, com pouca gordura abdominal e sem ou pouca diástase muscular (afastamento da musculatura do abdômen, condição comum após gravidez).

Pós-operatório e possíveis complicações

Se comparada à abdominoplastia clássica, a miniplástica de abdome é de recuperação mais rápida, com boa evolução pós-operatória e menor dor durante os dias que sucedem o procedimento cirúrgico.

Contudo, as orientações médicas devem ser respeitadas para minimizar surgimento de eventuais complicações e ir observando com o tempo os resultados após o desinchar e a retração e acomodação da pele. É principalmente recomendado:

  • evitar esforço físico nas primeiras semanas, o que inclui pegar muito peso e fazer atividades intensas;
  • tomar os medicamentos prescritos e fazer a devida higienização e troca de curativos;
  • alimentar-se e hidratar-se adequadamente, bem como manter hábitos de vida e alimentares saudáveis;
  • não expor as feridas cirúrgicas e, posteriormente, as cicatrizes diretamente ao sol sem liberação médica;
  • utilizar cinta pós-cirúrgica não apertada;
  • obedecer às orientações e cuidados orientados pelo seu médico nas consultas e em qualquer dúvida, saná-las com ele, evitando realizar procedimentos ou usar medicamentos ou tópicos prescritos por terceiros, amigos ou familiares.

A recuperação completa depende do organismo de cada paciente e de como é conduzido o período pós-operatório, observando o repouso e os cuidados recomendados. Os resultados da cirurgia podem ser demorados, sendo possível evidenciar o novo contorno abdominal somente depois de alguns meses.

Complicações são possíveis em todo e qualquer procedimento cirúrgico. Na miniplástica de abdome, os riscos incluem alterações cicatriciais (inestéticas, hipertróficas, queloideana), abertura de pontos, infecções, seroma, alterações de sensibilidade nas cicatrizes, necrose, trombose venosa profunda, embolia pulmonar. Entretanto, essas incidências são pouco comuns.

Na miniplástica de abdome, assim como em outras intervenções de cirurgia plástica, é importante realizar a abordagem emocional, expor as possibilidades de tratamento e limitações para cada caso, assim como esclarecer dúvidas. O diálogo aberto ajuda a compreender as reais expectativas dos pacientes e favorece seu preparo físico e psicológico para os resultados do procedimento.