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O que é distrofia simpático-reflexa (ou algoneurodistrofia)?

Por: Dr. Sonival Azevedo Oliveira

A distrofia simpático-reflexa, também conhecida como algoneurodistrofia, refere-se a uma condição médica complexa caracterizada por dor crônica intensa e por alterações no sistema nervoso autônomo. Atualmente, é considerada o subtipo I da síndrome complexa de dor regional.

O termo “distrofia simpático-reflexa” sugere uma associação dessa condição com disfunções no sistema nervoso simpático, que é o responsável por diversas funções autônomas, como a regulação da pressão arterial e a resposta ao estresse.

Já o termo “algoneurodistrofia” é uma palavra que descreve as principais manifestações dessa condição. “Algo” vem da palavra grega usada para “dor”, “neuro” mostra a relação com o sistema nervoso e “distrofia” é um termo utilizado para se referir à degeneração de um tecido.

A Síndrome Complexa de Dor Regional, por sua vez, é uma terminologia mais recente e abrangente que engloba os principais aspectos do quadro clínico da condição. Esse termo foca na manifestação de dor persistente em uma região do corpo, frequentemente após lesões ou cirurgias, acompanhada por mudanças na temperatura, textura da pele e possível alteração óssea e articular.

Portanto, esses termos são utilizados para descrever fenômenos complexos que envolvem interações complexas entre o sistema nervoso, o sistema locomotor, o sistema vascular e outros sistemas do corpo. Quer saber mais sobre a distrofia simpático-reflexa? Acompanhe até o final!

O que é distrofia simpático-reflexa (ou algoneurodistrofia)?

A distrofia simpático-reflexa descreve uma condição médica potencialmente debilitante, caracterizada por:

  • Dor crônica persistente, geralmente localizada em uma extremidade do corpo;
  • Sinais autonômicos, como instabilidade vasomotora, inchaço, alterações cutâneas e problemas de regulação da temperatura corporal.

Fatores de risco

É uma doença relativamente incomum, acometendo entre 5 e 26 pessoas por cada 100.000 habitantes por ano. Na maior parte dos casos, surge após uma lesão nos tecidos ósseos ou nos tecidos moles, como:

Cerca de 10% dos pacientes podem apresentá-la sem esse gatilho. Entretanto, é considerada uma condição incomum. Afinal, diversas pessoas lesionam esses tecidos, mas não desenvolvem essa síndrome. Ainda não se sabe exatamente o motivo, mas a síndrome simpático-reflexa é mais comum em mulheres do que homens.

Causas

Os mecanismos que levam ao desenvolvimento da doença também são pouco conhecidos e os seguintes fatores podem estar envolvidos:

  • Inflamação dos tecidos em consequência da lesão;
  • Inflamação neurogênica, a qual resulta da lesão de nervos;
  • Alterações no sistema nervoso central, que se torna mais sensível aos estímulos dolorosos e aumenta a percepção da dor.

Os pacientes com a síndrome simpático-reflexa geralmente apresentam níveis aumentados de citocinas pró-inflamatórias. Essas substâncias são liberadas pelo sistema imunológico e pelos tecidos em resposta às lesões. Elas recrutam as células do sistema nervoso inato, as quais são responsáveis por ativar e manter a inflamação, causando:

  • Dor tanto devido ao aumento da sensibilidade das terminações nervosas quanto ao aumento da percepção de dor pelo sistema nervoso central;
  • Vasodilatação, a qual provoca inchaço e vermelhidão.

Em especial, a dor na síndrome simpático-reflexa parece ser mediada também por neuropeptídeos que atuam nos nervos periféricos para estimular a dor.

Quais são os sintomas da distrofia simpático-reflexa? Como é feito o diagnóstico?

Os sintomas geralmente se iniciam após algumas semanas depois da lesão-gatilho. As primeiras manifestações costumam ser dor, vermelhidão e inchaço na área afetada. Isso dificulta o diagnóstico, pois também estão presentes na inflamação que naturalmente ocorre após traumas nos tecidos.

A dor é o sintoma mais importante dessa síndrome, sendo comumente debilitante e restrita ao membro afetado. É mais frequentemente nos membros superiores (apesar de poder ocorrer nos membros inferiores), podendo se manifestar como queimação, fincadas ou apertos. Apesar de ser possível a manifestação superficial, é mais comum a dor profunda. Em relação à frequência, pode ser contínua ou intermitente.

Essa dor pode ser acompanhada de outros sintomas, como:

  • Alodínia – dor provocada por estímulos que normalmente não causam dor;
  • Hipoestesia – redução da sensibilidade ao toque;
  • Hiperalgesia – sensação dolorosa excessiva após um estímulo que é doloroso. Ou seja, apesar de esse estímulo geralmente causar dor, a pessoa a sente com uma intensidade anormal;
  • Redução da força muscular;
  • Limitação da amplitude dos movimentos;
  • Tremores;
  • Alterações na temperatura da pele (calor ou frieza);
  • Suor;
  • Mudanças na cor da pele;
  • Aumento do crescimento de pelos, das unhas e de outros fâneros;
  • Atrofia de pele;
  • Fibrose nas articulações e tecidos;
  • Osteoporose transitória.

Diagnóstico e tratamento da síndrome complexa de dor regional tipo I

O diagnóstico é feito com base em critérios clínicos a partir dos sinais e sintomas do paciente, que deve apresentar três ou quatro das seguintes categorias de manifestações:

  • Sensoriais;
  • Vaso motoras;
  • Sudomotoras ou edema;
  • Tróficas musculares.

Testes de imagem e de função podem ser feitos para auxiliar no diagnóstico da distrofia simpático-reflexa. O tratamento é individualizado para cada caso, podendo envolver medicações anti-inflamatórias, medicações neuropsiquiátricas e anestésicos tópicos.

Caso o manejo clínico não seja efetivo, a realização de uma cirurgia pode ser necessária. Portanto, é fundamental buscar um médico experiente e capacitado para um diagnóstico preciso e a elaboração de um plano terapêutico individualizado.

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