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Síndrome do túnel do carpo

Por: Dr. Sonival Azevedo Oliveira

A síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia compressiva que afeta os membros superiores — precisamente o punho, a mão e os dedos. Nessa condição, ocorre a compressão ou tração do nervo mediano ao nível do punho, onde está localizado o canal do carpo, por onde passam os tendões flexores e o nervo mediano.

O túnel do carpo é uma estrutura anatômica situada entre a mão e o antebraço, sendo assim chamado por consistir em uma passagem estreita, semelhante a um túnel, por onde nervos, ligamentos e tendões unem o pulso e a mão.

O nervo mediano é um dos que passam pelo túnel do carpo, garantindo sensibilidade ao polegar e aos dedos indicador e médio, além de alcançar também a face radial do dedo anelar. Quando ocorre um aumento de pressão dentro do canal do carpo, o nervo mediano sofre a compressão, desencadeando a doença.

A síndrome do túnel do carpo é a mais comum entre as condições compressivas de nervos periféricos e acomete principalmente a população economicamente ativa, com idade entre 30 e 60 anos. Além disso, a síndrome atinge as mulheres em maior proporção, com uma prevalência de 9,2% frente aos 0,6% de homens que desenvolvem o quadro. O pico de incidência ocorre na faixa dos 40 aos 59 anos.

Ainda que o problema possa regredir espontaneamente, o curso mais comum da doença envolve o agravamento dos sintomas. Em níveis graves, a síndrome do túnel do carpo apresenta prejuízos às funcionalidades das mãos, além da dor que tende a impactar adversamente a qualidade de vida da pessoa.

Causas da síndrome do túnel do carpo

Em grande parte dos casos, a síndrome do túnel do carpo é considerada idiopática, isto é, sem causas conhecidas. Contudo, sexo, idade, obesidade, alterações hormonais, reumatismo, tabagismo, fatores genéticos e atividades manuais repetitivas são importantes condições de predisposição ao desenvolvimento da síndrome.

A síndrome do túnel do carpo pode ser secundária a anomalias como:

  • luxação do carpo;
  • fraturas;
  • problemas articulares, incluindo artrose, rizartrose, artrite inflamatória ou infecciosa etc.;
  • tenossinovites;
  • alterações hormonais e metabólicas, como gravidez, hipotireoidismo e diabetes;
  • hipertrofia arterial persistente do nervo mediano;
  • tumor intratúnel.

Patologias laborais também estão frequentemente associadas à síndrome do túnel do carpo. Movimentos de alta repetitividade que envolvem flexão e extensão do punho e dos dedos, assim como supinação do antebraço podem levar ao problema.

Do mesmo modo, atividades com exposição frequente à vibração dos membros superiores, que exigem o uso de força ou compressão mecânica da palma das mãos aumentam o risco de desenvolver a síndrome.

Sintomas da síndrome do túnel do carpo

Os sintomas mais comuns da síndrome são dor, diminuição da sensibilidade (hipoestesia) e sensações anormais como formigamentos (parestesias) que abrangem o punho, a mão e os dedos — exceto a área do dedo mínimo. Nos casos mais graves, a dor pode irradiar para o braço e o ombro.

O paciente também pode perceber sua força de preensão reduzida, interferindo no movimento de pinça e dificultando ações simples como manipular pequenas estruturas, segurar uma xícara ou mesmo dar um aperto de mão.

A sintomatologia pode variar de intensidade de acordo com o nível da doença. No estágio inicial ou precoce, os sintomas aparecem somente no período noturno. No nível intermediário, as manifestações podem ocorrer durante a noite ou o dia. No grau avançado da síndrome, as apresentações clínicas são permanentes, acarretando déficit sensitivo e motor.

 Investigação diagnóstica

A avaliação diagnóstica do paciente com suspeita de síndrome do túnel do carpo passa por anamnese, testes de provocação, análise de morbidades associadas e diagnóstico diferencial. Entre os testes principais e os exames complementares que podem ser solicitados para confirmação do quadro, estão:

  • Sinal de Tinel;
  • Teste de Durkan;
  • Sinal de Phalen;
  • Teste de Paley e McMurphy;
  • Teste de compressão em flexão do punho;
  • Pontuação de Katz;
  • Teste de monofilamentos de Semmes-Weinstein;
  • Ultrassonografia;
  • Exame eletroneuromiográfico.

Formas de tratamento para síndrome do túnel do carpo

Os tratamentos para síndrome do túnel do carpo incluem abordagens conservadoras e cirúrgicas. A conduta terapêutica considera o nível de comprometimento funcional dos membros, a intensidade dos sintomas e a resposta aos métodos de intervenção não cirúrgica.

No contexto das terapias médicas conservadoras, comprova-se a eficácia da infiltração de corticoides e da imobilização do punho por órteses. Outras possibilidades já foram levantadas, mas ainda sem comprovação científica de eficácia, como tratamentos a laser, uso de diuréticos, vitaminoterapia, entre outros.

Nos casos mais severos da síndrome, ou quando há resistência ao tratamento conservador, a cirurgia é indicada. O objetivo do manejo cirúrgico é reduzir a pressão no interior do túnel do carpo com a secção do retináculo dos flexores.

O procedimento pode ser feito em ambiente ambulatorial, com anestesia local, por meio de três diferentes técnicas cirúrgicas: endoscópica, miniopen ou procedimento aberto.

Também é importante tratar os distúrbios de base, ou patologias subjacentes, que podem desenvolver ou exacerbar a síndrome do túnel do carpo, como artrite, rizartrose ou tenossinovite. Por fim, modificações mecânicas e ergonômicas podem ser necessárias para excluir os fatores que agravam o quadro, a exemplo do trabalho manual extenuante, repetitivo ou em condições inadequadas.