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Urticária

Por: Dra. Elaine Vidigal

Urticária é uma manifestação alérgica que pode ser aguda ou crônica. No primeiro caso, os sinais e sintomas desaparecem em menos de 6 semanas, enquanto a doença crônica perdura por período superior a esse.

A urticária aguda pode decorrer de diversos fatores desencadeantes, como alimentos, medicamentos, vírus etc., e pode fazer parte da manifestação clínica de outras doenças.

Por sua vez, a urticária crônica é uma condição que geralmente não está relacionada à presença de alérgenos desencadeantes e pode ser idiopática (sem causas esclarecidas), portanto de difícil diagnóstico e tratamento, visto que não se pode excluir o fator desencadeante. Nesses casos, pode haver um sério impacto na qualidade de vida do paciente.

Causas e tipos de urticárias

As causas das crises de urticária ainda não são completamente compreendidas. A literatura médica aponta que as manifestações agudas envolvem estímulos imunológicos e reações alérgicas. Entre os agentes desencadeantes estão: medicamentos, alimentos, picada de inseto, exposição da pele ao frio ou calor, entre outros.

As urticárias crônicas ainda se dividem em espontâneas ou induzidas. As reações espontâneas surgem sem que um fator exógeno desencadeante seja identificado (condição idiopática). Já a urticária induzida é provocada por estímulos externos específicos, como frio ou calor, os quais são identificados na avaliação da história clínica do paciente, bem como por meio de testes de provocação.

Entre as condições crônicas, há inúmeros tipos de urticária. Alguns exemplos:

  • decorrente de estímulos físicos ambientais;
  • associadas a doenças reumatológicas, neoplásicas e outras patologias;
  • urticária de pressão ou fricção na pele (dermográfica);
  • colinérgicas — quando ocorre o aumento da temperatura do corpo —, o que pode acontecer com a prática de exercício físico;
  • aquagênica.

Sintomas comuns e possíveis complicações

Os sintomas de urticária incluem o aparecimento de placas vermelhas na pele, podendo afetar qualquer parte do corpo. As manifestações ainda provocam coceira e podem vir acompanhadas de angioedema — um inchaço que se origina nas camadas mais profundas da derme e pode atingir lábios, pálpebras, orelhas e a mucosa da garganta. Nesse último caso, embora raro, ocorre o edema da glote, o que tende a bloquear as vias de respiração.

Os angioedemas não coçam, mas podem provocar dor e queimação. Quando o paciente chega ao pronto-atendimento com os dois quadros associados (angioedema e urticária), é preciso ter uma atenção maior, pois há o risco mais acentuado de desenvolver anafilaxia.

A anafilaxia é um conjunto de manifestações mais graves. Como critério para o diagnóstico dessa condição, avalia-se o envolvimento de mais de um sistema corporal, como urticária (manifestação cutânea) e diarreia (manifestação gastrointestinal), ou angioedema (cutânea) e falta de ar (pulmonar). Diante disso, a busca por socorro médico deve ser urgente.

Outro possível impacto da urticária envolve o aspecto psicológico. A doença não é de fundo emocional e nem desencadeada por eventos estressores ou ansiogênicos. No entanto, quem tem o quadro crônico pode desenvolver insegurança e ansiedade quanto ao risco de ter novas crises.

Somando isso ao aspecto das lesões e ao incômodo dos sintomas, o paciente pode experimentar prejuízos em sua vida afetiva e social.

Avaliação diagnóstica

O diagnóstico de urticária é principalmente baseado na avaliação clínica. Na anamnese, a história do paciente é investigada, considerando hábitos alimentares, uso de medicamentos, duração dos sintomas, características das lesões, história de doenças alérgicas e outros dados importantes. Alguns testes simples podem ser feitos como parte do exame físico — teste de pressão na pele com aparelhos específicos, teste com placa de gelo, entre outros.

Exames de sangue e testes cutâneos podem ajudar a detectar a causa da doença e os agentes exógenos associados, desde que haja correlação com a história clínica. Contudo, os testes são feitos somente após 4 semanas das manifestações, pois antes disso podem apresentar resultados falso-negativos.

A história clínica positiva (com dados que indicam a propensão às urticárias) associada aos testes positivos fecha o diagnóstico. Ademais, o exame padrão-ouro para diagnosticar urticárias associadas a alergia alimentar é o teste de provocação oral (TPO).

Apesar da eficácia, nem sempre o TPO é realizado, uma vez que requer ambiente hospitalar, com os recursos necessários para garantir a segurança do paciente e recorrer ao atendimento emergencial caso ocorram respostas exacerbadas.

Formas de tratamento

O objetivo do tratamento é deixar o paciente livre dos sinais e sintomas da doença. Para esse fim, primeiramente define-se o tipo de urticária. No diagnóstico de condição aguda e induzida, a orientação terapêutica inclui a exclusão de possíveis fatores desencadeantes. Também pode ser prescrito um anti-histamínico para mitigação mais rápida dos sintomas.

O tratamento para urticárias idiopáticas é mais complexo. As crises podem ser controladas com medicamentos anti-histamínicos ou, quando o paciente não responde de forma satisfatória, pode ser preciso incluir corticoides e até imunossupressores em casos mais sérios. Quando há angioedema grave e indícios de anafilaxia, a aplicação de adrenalina por via intramuscular é indicada.