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Cervicobraquialgia

Por: Dr. Sonival Azevedo Oliveira

A coluna vertebral é dividida em região cervical, torácica, lombar, sacral e coccígea. A primeira parte, localizada na parte de trás do pescoço, é composta por 7 vértebras cervicais (entre C1 e C7).

Dores nessa região são comuns por várias razões, como postura inadequada e esforço excessivo. No entanto, o desconforto constante pode indicar uma cervicalgia crônica ou uma cervicobraquialgia.

Quando a dor na coluna cervical irradia para os ombros, braços e mãos, considera-se um quadro de cervicobraquialgia e pode ter origem em doenças como osteoartrose, hérnia de disco, entre outras causas. A incidência é maior no sexo feminino, com dores que variam entre pequenos desconfortos até estados de incapacitação, visto que a dor intensa impede a mobilização do membro.

Por se tratar de uma condição que provoca limitações físicas e funcionais, a cervicobraquialgia pode ter impactos negativos na qualidade de vida do paciente. O comprometimento do desempenho nas atividades diárias pode afetar não apenas as funções laborais como também o lazer, as relações sociais e até a autonomia na realização de algumas tarefas.

As dificuldades funcionais somadas à dependência de medicamentos configuram mudanças importantes no estilo de vida do paciente, podendo, inclusive, acarretar alterações de ordem emocional. Por todas essas razões, o acompanhamento médico é fundamental para obter a avaliação correta do quadro, bem como o tratamento e a recuperação da qualidade de vida.

Causas e fatores associados à cervicobraquialgia

A cervicobraquialgia é indício de que alguma estrutura foi lesionada na coluna cervical, normalmente isso decorre da compressão de um nervo ou de inflamação entre as vértebras. Por trás disso, podem existir fatores traumáticos ou uso inadequado das estruturas da coluna, como esforços repetitivos e sobrecarga.

Hérnias de disco e estenose (estreitamento) do canal cervical são as causas mais comuns de cervicobraquialgia. Artrose, reumatismo, fraturas, tumores, infecções e malformações congênitas são outas condições, embora menos frequentes, que podem ser identificadas após investigação da etiologia do quadro.

Sintomas comuns

Nos casos de cervicobraquialgia, o paciente refere dor que pode alcançar grande intensidade e dificultar a mobilização do pescoço, ombro e braço. A dor pode se estender por todo o membro, da nuca até a mão. Outros sintomas associados são:

  • sensação de formigamento;
  • perda de sensibilidade no território da vértebra acometida;
  • déficit de força muscular;
  • sensação de choque.

As compressões no pescoço podem provocar dor que irradia por todo o braço porque os nervos dos membros superiores se originam na coluna cervical. Existe uma raiz nervosa específica responsável pela distribuição de força motora e sensibilidade para cada parte do membro.

É mais comum que os sintomas ocorram somente de um lado do corpo. Contudo, também há casos de cervicobraquialgia bilateral, sendo responsáveis por um comprometimento mais acentuado da capacidade funcional do paciente.

Avaliação diagnóstica

O diagnóstico de cervicobraquialgia começa na avaliação clínica, com o levantamento de informações sobre a condição do paciente, como tempo de manifestação da dor, características do quadro e sintomas coexistentes. O exame físico é realizado por meio de testes provocativos que avaliam a sensibilidade, a motricidade e os reflexos tendinosos dos membros.

Quando as compressões nervosas, como hérnia de disco e estenose do canal cervical, fazem parte da suspeita diagnóstica, são realizados exames complementares para confirmar a origem da cervicobraquialgia.

As técnicas de diagnóstico por imagem mais solicitadas para avaliação de problemas na coluna são a ressonância nuclear magnética e a tomografia computadorizada. Em algumas situações, um exame de eletroneuromiografia também pode ser feito.

Formas de tratamento da cervicobraquialgia

Casos de cervicobraquialgia são tratados de acordo com a sintomatologia e com a etiologia do quadro. Se houver doenças mais graves associadas, como uma hérnia de disco, essa condição precisa ser o foco do tratamento.

Independentemente da conduta terapêutica escolhida — intervenção medicamentosa, cirúrgica, fisioterápica etc. —, o objetivo é reduzir a dor, recuperar a capacidade de mobilização e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Na maior parte dos casos, é indicado o tratamento farmacológico. Anti-inflamatórios e relaxantes musculares estão entre os tipos de medicamentos prescritos, mas anticonvulsivantes, antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos de receptação de serotonina e noradrenalina (ISRSN), lidocaína e opioides também podem ser usados com bons resultados.

Para o alcance de bons resultados, a adesão do paciente é fundamental, o que significa fazer o uso correto dos fármacos e evitar situações que levem ao uso inadequado ou excessivo da coluna cervical. Nesse sentido, é importante tomar cuidado com a postura, movimentos bruscos e sobrecargas.

Além da correção postural, exercícios complementares e terapias alternativas — a exemplo da prática de pilates, acupuntura, quiropraxia, entre outros recursos — podem ter efeitos benéficos para pacientes com cervicobraquialgia.

Contudo, a principal indicação para complementar o tratamento médico é a fisioterapia que, por meio de programas de exercícios específicos, promove o condicionamento muscular, a melhora da flexibilidade, a recuperação da mobilidade e a redução da dor.

A cervicobraquialgia é uma condição que necessita de avaliação médica e tratamento, visto que pode ter impactos negativos no bem-estar físico e na capacidade funcional do paciente. Nesses casos, o acompanhamento de um especialista é essencial para descobrir se existe alguma causa grave por trás da dor cervical e, a partir disso, tratar o quadro de forma apropriada.

O tratamento cirúrgico normalmente está indicado nos casos de dor intensa e perda de força agudos relacionados à compressão acentuada da medula por hérnias discais, tumores, entre outros, ou nos casos de redução funcional importante e persistente apesar do tratamento conservador corretamente realizado.