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O que é e quais são os sintomas de tenossinovite de De Quervain?

Por: Dr. Sonival Azevedo Oliveira

A tenossinovite é um subtipo de tendinite (inflamação nos tendões). Os tendões são estruturas que conectam os músculos aos ossos e às articulações. Por isso, existem dezenas de tendões em nosso corpo. Apesar de semelhantes estruturalmente, existem diferenças entre eles. Alguns tendões possuem uma bainha de proteção, enquanto outros não.

A tenossinovite é a inflamação que pode atingir a bainha de alguns tendões, principalmente aqueles dos pés, das mãos e dos punhos. Essas regiões são movimentadas constantemente e, muitas vezes, realizam movimentos repetitivos. Isso as deixa mais susceptíveis ao estresse mecânico.

Existem dois tipos de tenossinovite: a tenossinovite estenosante dos flexores e a tenossinovite de De Quervain. A primeira é caracterizada pela inflamação de tendões flexores dos dedos, sendo também chamada de “dedo em gatilho” devido à contratura persistente das articulações afetadas. Já a segunda, foco deste artigo, é um processo inflamatório que acomete os tendões do punho (abdutor longo e o extensor curto) que  agem sobre o polegar.

Quer saber mais sobre a tenossinovite de De Quervain? Acompanhe nosso post até o final!

O que é tenossinovite de De Quervain?

As mãos e punhos são notáveis por sua complexidade anatômica e funcional. Compostos por uma intrincada rede de ossos, articulações, ligamentos, tendões e músculos, eles apresentam uma biomecânica fascinante.

Por exemplo, são capazes de executar uma ampla gama de movimentos, desde gestos delicados e precisos até a aplicação de força significativa. Com isso, desempenham um papel essencial em atividades diárias, permitindo a manipulação de objetos, a comunicação gestual e a realização de tarefas motoras finas.

A tenossinovite de De Quervain resulta da inflamação dos tendões de dois músculos do polegar: o abdutor longo e o extensor curto do polegar. Assim, podem surgir sintomas, como dor ou sensibilidade alterada na face radial do punho. Essa condição pode acometer pessoas de qualquer idade e de ambos os sexos. Entretanto, é mais comum em mulheres, principalmente entre 30 e 50 anos de idade.

Causas e fatores de risco

As causas exatas da tenossinovite de De Quervain ainda não foram completamente elucidadas. A doença está associada a atividades laborais ou domésticas em que são necessários movimentos repetitivos ou persistentes de extensão e de abdução do polegar. Por esse motivo, ficou conhecida como “punho de tenista” ou “punho de golfista”, dois esportes em que o atleta precisa manter a mão fechada.

As mulheres no pós-parto são um grupo especialmente afetado pela tenossinovite de De Quervain (também carinhosamente chamado de “tendinite da mamãe”). Até pouco tempo, acreditava-se que isso ocorreria devido aos movimentos repetitivos exigidos nos cuidados com o bebê. Entretanto, novas evidências apontam que fatores hormonais e a retenção de líquidos também contribuem para um maior risco de tenossinovite de De Quervain nesse grupo.

Sintomas

Alguns dos sintomas comuns da tenossinovite de De Quervain são:

  • Dor ao longo do lado radial (lado do polegar) do punho e da base do polegar;
  • Dor ao segurar objetos;
  • Inchaço na área afetada;
  • Sensibilidade ao toque sobre os tendões afetados;
  • Dificuldade em realizar movimentos que envolvem o polegar e o punho, como agarrar objetos ou girar o pulso;
  • Crepitação (estalidos) ao mover o polegar;
  • Fraqueza na região do polegar, causando dificuldade em realizar movimentos.

Essas manifestações podem ser unilaterais (em um único punho) ou bilaterais (ambos os punhos). A inflamação tende a persistir caso o paciente não se afaste temporariamente das atividades que causam movimentos repetitivos.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é predominantemente clínico, isto é, ele é baseado nas alterações encontradas na anamnese e no exame físico. Exames de imagem, como raio-X e ultrassonografia, são úteis e podem ser requisitados, mas não são fundamentais para o diagnóstico. Caso haja suspeita de condições infecciosas ou autoimunes, podem ser solicitados exames laboratoriais com amostras de sangue.

A anamnese é a entrevista clínica, em que o médico buscará compreender:

  • As características dos sintomas;
  • O tempo de evolução do quadro;
  • O histórico de ocupações profissionais;
  • Os hábitos de vida;
  • A limitação funcional trazida pelos sintomas, entre outras questões.

Depois disso, ele passará ao exame físico, no qual observará se:

  • Inspeção visual para verificar sinais de inflamação local (inchaço, vermelhidão e calor) e deformidades;
  • Palpação para identificar dor ao toque e a presença de nódulos;
  • Realização de testes específicos, como o de Finkelstein, em que é feito o desvio medial do punho fechado com o polegar flexionado na palma da mão. O teste é fundamental para a avaliação da tenossinovite de De Quervain, sendo positivo quando há dor no trajeto do tendão afetado.

Tratamento

O tratamento é sempre individualizado de acordo com o quadro de cada paciente e pode envolver:

  • Repouso de movimentos do polegar ou imobilização desse dedo com talas;
  • Aplicação de calor local;
  • Uso de anti-inflamatórios não-esteroidais;
  • Fisioterapia ou terapia ocupacional;
  • Infiltração de esteroides injetáveis no membro afetado ou intramuscular (nádega).

Caso a condição esteja mais avançada ou não haja melhora com essas medidas, o tratamento cirúrgico pode ser indicado.

Portanto, a tenossinovite de De Quervain é uma condição que resulta da inflamação dos tendões do abdutor longo e do extensor curto do polegar, localizados no punho. Essa inflamação pode causar uma série de sintomas, como dor, inchaço, sensibilidade ao toque e dificuldade nos movimentos da região afetada. Seu diagnóstico é estabelecido por meio de uma avaliação clínica detalhada, com ênfase nos sintomas apresentados e testes específicos, como o de Finkelstein

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