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SOP: o que é e quais são os sintomas?

Por: Dra. Fabrícia Leal Zaganelli

Ao contrário do homem, que pode liberar suas células sexuais continuamente após a puberdade, os óvulos da mulher somente são liberados por algumas horas em intervalos entre 26 e 35 dias. Isso acontece, pois a fertilidade feminina é regulada por diversos hormônios, cujos níveis no sangue são variáveis ao longo das semanas.

No início do ciclo menstrual, os ovários são estimulados. Isso leva ao desenvolvimento de alguns folículos ovarianos e, por volta do meio do ciclo, um deles libera um óvulo para a fecundação.

Esse processo é conhecido como ovulação. O óvulo ficará disponível por volta de 24 horas para a fertilização por um espermatozoide (gameta masculino). Depois disso, ele se degenera e morre. Algumas condições, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), podem comprometer o ciclo normal de desenvolvimento dos folículos ovarianos.

Consequentemente, a ovulação pode não ocorrer em alguns ciclos em que ela era esperada. Isso pode levar à infertilidade de causa ovulatória. Assim, a paciente pode manifestar também outros sintomas, como a amenorreia e a oligomenorreia.

Quer saber mais sobre a SOP, o que ela é e quais são seus sintomas? Confira nosso artigo sobre o tema!

O que é SOP?

A SOP é uma condição endócrina-ginecológica crônica, caracterizada pela anovulação crônica e excesso de hormônios masculinos no organismo feminino. Isso significa que é uma doença que ainda não tem cura e a mulher precisa conviver com ela por toda a sua vida. Os estudos médicos ainda não identificaram uma causa precisa para a SOP, mas isso não impede o seu tratamento.

Como utilizamos normalmente o termo doença para condições com uma etiologia (causa) conhecida, utilizamos o termo síndrome. Uma síndrome é caracterizada por um conjunto de sintomas, sinais clínicos e alterações em exames.

Causas da SOP

Apesar de suas causas não serem conhecidas com precisão no momento, sabemos que ela envolve o excesso de produção de androgênios (hormônios masculinos) no corpo da mulher.

Com isso, os ciclos ovarianos não conseguem se desenvolver adequadamente, levando à anovulação crônica. Associado a isso, os androgênios atuam em outros tecidos do corpo da mulher. Por exemplo, na pele, isso leva ao crescimento de pelos mais espessos em locais incomuns no sexo feminino (face, pescoço, busto e costas).

Além disso, os androgênios estimulam o desenvolvimento do tecido adiposo (camada de gordura) na região abdominal e de alterações metabólicas. Isso aumento o risco de desenvolvimento da síndrome metabólica, que é caracterizada por:

  • hipertensão arterial crônica;
  • dislipidemia e hipercolesterolemia (respectivamente, o aumento dos níveis de gorduras e de colesterol no sangue);
  • resistência à insulina (o que leva ao aumento dos níveis de açúcar no sangue, que, se não tratado, pode evoluir para a diabetes mellitus tipo 2).

Com isso, a paciente apresenta maiores chances de obesidade e de doenças cardiovasculares.

Diagnóstico e sintomas da SOP

Uma mulher pode ser diagnosticada quando preenche algumas das 3 manifestações que apresentaremos a seguir. Na definição mais aceita atualmente (Critérios de Rotterdam), a paciente deve apresentar quaisquer 2 desses 3 desses quesitos, pelo menos.

No entanto, há fontes da literatura médica que consideram que o hiperandrogenismo deve sempre estar presente. Em todo o caso, ao contrário do que muitas mulheres pensam, a SOP pode ser diagnosticada mesmo que os ovários não apresentem a característica policística que dá nome à doença.

Hiperandrogenismo clínico ou laboratorial

Hiperandrogenismo, que pode se manifestar por meio de sintomas e sinais (hiperandrogenismo clínico), como o crescimento de pelos espessos em regiões incomuns nas mulheres (o hirsutismo), o engrossamento da voz, o aumento da oleosidade da pele e a acne.

Em pacientes assintomáticas, ele pode ser identificado com exames laboratoriais de dosagem da testosterona e de outros hormônios sexuais (hiperandrogenismo laboratorial);

Oligomenorreia ou amenorreia

Oligomenorreia ou amenorreia, que são evidências de anovulação crônica. Devido à ação dos androgênios, os folículos ovarianos não completam seu desenvolvimento periódico normal. Em alguns ciclos menstruais, eles crescem, mas não ovulam.

Então, não há também produção suficiente de progesterona para levar a um maior espessamento do endométrio. Consequentemente, pode não haver menstruação (amenorreia) ou ela acontecer em intervalos maiores (oligomenorreia).

Alterações ovarianas no ultrassom

Os critérios ultrassonográficos são a presença de múltiplos cistos mais desenvolvidos no ovário ou o aumento do volume desses órgãos.

Tratamento da SOP

O tratamento da SOP depende dos sintomas e dos objetivos da paciente, principalmente se ela deseja ou não engravidar. Em todos os casos, as mudanças de hábito de vida são fundamentais, buscando controlar o peso, aumentar o nível de atividade física e reduzir a resistência à insulina.

Em algumas pacientes, essas mudanças são suficientes para regularizar os ciclos menstruais, melhorar a fertilidade, diminuir o risco de doenças cardiovasculares e amenizar os sinais de hiperandrogenismo.

Caso essa medida não seja suficiente, as pacientes que não desejam engravidar podem utilizar medicamentos hormonais. Eles reduzem os níveis de androgênios no sangue e aliviam o hirsutismo, a acne e outras manifestações.

Já a paciente que deseja engravidar pode utilizar a terapia de bloqueio dos androgênios por alguns meses. Depois disso, pode contar com as técnicas de reprodução assistida para otimizar as chances de gestação.

Nas técnicas mais simples, há o estímulo ovariano controlado com medicamentos, o que aumenta as chances de ovulação. Depois disso, a paciente pode tentar a fertilização por:

Em casos mais graves, pode ser utilizada a fertilização in vitro, na qual a fecundação acontece em laboratório após a coleta do óvulo.

Portanto, apesar de ser uma síndrome crônica e sem causa conhecida, a paciente com SOP pode ter sua funcionalidade e sua qualidade de vida recuperadas com os tratamentos atuais. Para isso, o auxílio médico é fundamental para o diagnóstico preciso e a elaboração de um plano terapêutico individualizado.

Quer saber mais sobre a fertilização in vitro e como ela funciona? Confira este artigo sobre o tema!

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