A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino relativamente comum que afeta mulheres em idade fértil, sendo uma das principais causas de infertilidade feminina. Ela acontece quando o corpo feminino produz excesso de hormônios masculinos (tecnicamente, chamados de androgênios).
Isso pode desencadear as mudanças físicas e funcionais, como a acne, alopecia com padrão androgenético, além do crescimento excessivo de pelos no rosto, pescoço, peito e outras áreas incomuns para as mulheres.
Além disso, funcionalmente, a paciente pode sofrer com a infertilidade e o sangramento uterino anormal. Felizmente, já existem várias opções de terapias disponíveis para sintomas da SOP, apesar de ainda não haver cura definitiva para a condição. Neste post, vamos explicar como é feito o diagnóstico da SOP e o tratamento dos sintomas. Acompanhe!
O que é SOP?
SOP significa Síndrome dos Ovários Policísticos, que é um dos distúrbios hormonais mais comuns em mulheres. A SOP também é a causa mais frequente de infertilidade devido à anovulação. Os sintomas da SOP incluem:
- Menstruações irregulares;
- Infertilidade;
- Crescimento de pelos faciais;
- Ganho de peso.
A SOP é causada por um desequilíbrio hormonal. Especificamente, as mulheres com SOP tendem a produzir mais androgênios no microambiente ovariano. O excesso de hormônios masculinos faz com que os folículos sexuais não completem seus ciclos em um quadro conhecido, como:
- oligovulação (número reduzido de ovulações); ou
- anovulação (ausência de ovulação).
Então, a SOP dificulta a gravidez e está relacionada à infertilidade. Por sua vez, os folículos com maturação incompleta formam cistos ovarianos, que podem ser visualizados em exames de imagem.
Além disso, as mulheres com SOP geralmente têm resistência à insulina. Isso traz um maior risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, pressão alta, colesterol alto e apneia do sono.
Sintomas e diagnóstico da SOP
O diagnóstico da SOP envolve a presença de dois dos três critérios a seguir:
- Hiperandrogenismo clínico ou laboratorial;
- Oligo-amenorreia/anovulação crônica;
- Alterações ovarianos típicas da SOP ao ultrassom.
Além disso, é preciso excluir outras causas que explicam os sintomas.
Oligo-amenorreia/anovulação crônica
Um dos sintomas mais comuns da SOP é o sangramento uterino anormal caracterizado por:
- Oligomenorreia — ciclos irregulares ou mais longos (com duração maior do que 45 dias, levando a menos de 9 ciclos ao ano);
- Em mulheres com ciclos regulares, a amenorreia pode ser diagnosticada após 3 meses sem menstruar. Se os ciclos forem irregulares, a interrupção da menstruação deve ser superior a 6 meses.
Isso ocorre porque a menstruação é resultado das mudanças cíclicas dos hormônios produzidos pelos folículos. Isso leva a períodos de:
- Espessamento endometrial devido à ação do estrogênio e da progesterona produzida pelos folículos em desenvolvimento;
- Descamação do endométrio nos primeiros dias devido à queda dos níveis de progesterona.
Como a SOP prejudica o desenvolvimento e maturação dos folículos, seu ciclo menstrual pode se tornar irregular ou ausente.
Hiperandrogenismo clínico ou laboratorial
O hiperandrogenismo clínico é diagnosticado pela identificação das mudanças físicas associadas ao excesso de androgênios, como:
- hirsutismo, que é o crescimento de pelos mais grossos na face, pescoço, tronco, abdômen, costas e virilha;
- acne e aumento da oleosidade da pele;
- calvície com padrão masculino;
- puberdade precoce;
- seborreia.
Mesmo sem sintomas, o hiperandrogenismo pode ainda ser caracterizado laboratorialmente quando há níveis elevados de androgênios no sangue.
Alterações típicas na ultrassonografia
Outro critério utilizado é a presença das seguintes alterações na ultrassonografia dos ovários:
- múltiplos cistos nos ovários; ou
- aumento do volume ovariano.
Elas resultam dos ciclos foliculares incompletos e da consequente anovulação crônica.
Critérios de exclusão
Além disso, para o diagnóstico, é fundamental excluir outras causas de anovulação e de excesso de androgênios. Por isso, durante o processo diagnóstico, a mulher poderá passar por exames, como:
- Dosagem de TSH e hormônios tireoidianos;
- Dosagem de cortisol e hormônios adrenérgicos;
- Dosagem do FSH e do LH, entre outros exames.
Tratamento da SOP
O tratamento dos sintomas pode envolver inicialmente:
- Perda de peso: Comer uma dieta saudável e se exercitar regularmente pode ajudar a prevenir o ganho de peso e amenizar o desequilíbrio hormonal;
- Exercício regular: Mesmo uma pequena quantidade de exercício diário pode ajudá-la a controlar a resistência à insulina. Consequentemente, pode reduzir os sintomas da SOP, diminuindo o estresse e regulando os níveis hormonais;
- Medicamentos: Seu médico pode prescrever certos medicamentos que inibem os androgênios e/ou os ciclos menstruais, como as pílulas anticoncepcionais ou os antiandrogênicos.
Nos casos de infertilidade, é possível contar com as técnicas de reprodução assistida, como:
- relações sexuais programadas, que envolvem a realização de relações sexuais após a estimulação medicamentosa à ovulação;
- inseminação artificial, na qual o sêmen é processado em laboratório e inserido diretamente na cavidade do útero com o auxílio de uma cânula transvaginal;
- fertilização in vitro, em que é feita uma punção ovariana após a estimulação hormonal. Antes de a mulher ovular, os óvulos são coletados e fertilizados em laboratório.
Todas essas técnicas são eficazes para os casos de SOP e aumentam as chances de uma gestação, visto que estimulam a ovulação. A escolha por uma delas depende da avaliação de cada casal e da presença de outros fatores de infertilidade.
Portanto, o diagnóstico da SOP pode ser bastante desafiador, mas é muito importante para o tratamento. Assim, a paciente pode amenizar as alterações físicas e funcionais causadas pela síndrome, recuperando a qualidade de vida e a autoestima.
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