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Preservação da fertilidade: como pode ser feita?

Por: Dra. Fabrícia Leal Zaganelli

Ainda que muitas doenças, especialmente ginecológicas, possam causar danos reprodutivos às mulheres, provocando quadros maiores de infertilidade feminina, a realidade é que a vida reprodutiva da mulher é limitada, começando na puberdade e acabando na menopausa.

Além disso, todas as células reprodutivas femininas se formam no período pré-natal e quando a mulher nasce, sua reserva ovariana já está completa e não há mais produção de células reprodutivas ao longo da vida ‒ diferente do que ocorre com os homens.

Nesse sentido, embora a preservação da fertilidade com auxílio da medicina reprodutiva seja uma possibilidade para homens e mulheres, é mais comum que as mulheres busquem essa saída, pois a partir dos 35 anos já é possível passar por dificuldade para engravidar.

Além de permitir que a mulher adie a maternidade com segurança, a preservação da fertilidade também é indicada para pacientes oncológicos, já que os tratamentos oferecem grande risco às células reprodutivas tanto dos homens, como das mulheres.

Mulheres com endometriose ovariana que optam por passar pela cirurgia para remoção dos endometriomas também podem se beneficiar da preservação da fertilidade, já que a cirurgia, neste caso, também oferece risco à fertilidade feminina.

Este texto mostra com mais detalhes o que é e como pode ser feita a preservação da fertilidade.

Boa leitura!

Adiar a maternidade é uma tendência global

Atualmente é cada vez mais comum que homens e mulheres optem por adiar a maternidade e a paternidade, especialmente se compararmos com a idade média em que os casais tinham filhos, algumas gerações atrás.

Muitos fatores têm contribuído para esse quadro social geral, que variam desde o desejo por construir uma carreira mais sólida, obter estabilidade financeira, estudar e até viajar, ter lazer e morar ou trabalhar em outros países.

Em geral, os homens que optam por ser pais com mais idade não costumam encontrar grandes obstáculos para isso, diferente do que acontece com as mulheres, para quem a fertilidade diminui com o passar do tempo, até terminar na menopausa.

Nesse sentido, a mulher que decide adiar a maternidade tem preocupações extras, tanto com a possibilidade de não conseguir engravidar, como também os riscos de uma gestação com complicações.

Isso porque, com o tempo, os óvulos podem apresentar anomalias genéticas devido a falhas nas divisões celulares do processo de amadurecimento folicular. Este risco é maior já após os 35 anos e tende a se agravar quanto mais próximo a mulher está da menopausa.

A preservação da fertilidade é, portanto, uma opção valiosíssima para que as mulheres possam viver seu planejamento de vida, adiando a maternidade sem, com isso, perder a segurança nesse processo.

Como preservar a fertilidade

A preservação da fertilidade pode ser feita cotidianamente, com a manutenção de hábitos diários saudáveis, mas também pode ser auxiliada pela medicina reprodutiva, que permite o congelamento de óvulos e a fecundação em laboratório, quando a mulher manifestar desejo reprodutivo.

Preservação social da fertilidade

Chamamos preservação social da fertilidade a possibilidade de criopreservar células reprodutivas, que podem ser descongeladas e fecundadas quando a mulher desejar ser mãe.

É importante lembrar que o congelamento e armazenamento de gametas, especialmente dos óvulos, demanda que a gravidez seja conseguida somente em tratamentos com a reprodução assistida.

Enquanto os homens que decidem pela preservação da fertilidade podem contar com a IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro) para ter filhos, as mulheres que congelarem seus óvulos somente podem engravidar com auxílio da FIV.

A coleta de óvulos para serem congelados é feita de forma semelhante ao que observamos nas etapas iniciais da FIV: estimulação ovariana com monitoramento ultrassonográfico do desenvolvimento folicular e a indução da ovulação. Imediatamente após a indução da ovulação, a mulher passa pela aspiração folicular, que coleta uma amostra da região ovariana onde se encontram os folículos maduros para ser criopreservada.

As taxas de sucesso da FIV com óvulos frescos e descongelados são semelhantes, mostrando que a criopreservação não afeta as possibilidades de gravidez oferecidas pela FIV com preservação da fertilidade.

Oncopreservação

Embora receber um diagnóstico oncológico seja um choque para muitas pessoas, atualmente o desenvolvimento dos tratamentos para o câncer tem aumentado a expectativa de cura ‒ e de esperança na continuidade da vida após o tratamento ‒ em muitos casos.

A quimioterapia e a radioterapia, no entanto, costumam afetar a saúde das células reprodutivas, mesmo quando as gônadas (ovários e testículos) não são afetadas pelo quadro oncológico geral.

A preservação da fertilidade deve ser indicada para os pacientes oncológicos antes do início dos tratamentos, para que óvulos e espermatozoides possam ser coletados e criopreservados, para utilização após a remissão dos tumores.

Preservando a fertilidade cotidianamente

A qualidade de vida das pessoas influencia na sua fertilidade, assim como na maior parte dos processos metabólicos e fisiológicos do corpo e da saúde como um todo.

Isso significa que uma rotina estressante pode aumentar as dificuldades para engravidar, mesmo na ausência de outros sintomas que indiquem a presença de doenças.

Para reforçar a preservação da fertilidade cotidianamente, é importante que homens e mulheres:

  • Tenham uma rotina de sono adequada;
  • Pratiquem exercícios físicos moderados;
  • Mantenham uma alimentação equilibrada;
  • Evitem a cafeína e o tabaco;
  • Consumam álcool também de forma moderada;
  • Acompanhem a saúde global com frequência;
  • Tenham momentos de lazer e relaxamento.

O cotidiano estressante aumenta a produção de radicais livres no corpo, que aceleram o processo de envelhecimento das células ‒ incluindo as células reprodutivas.

Nesse sentido, os homens podem apresentar baixa qualidade espermática, enquanto as mulheres podem ter seus ciclos reprodutivos diminuídos e a qualidade genética dos óvulos abalada.

Quer conhecer melhor a FIV, que permite a preservação da fertilidade para homens e mulheres? Então toque neste link e leia nosso conteúdo completo.

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