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O que é depressão?

Por: Dra. Joana Azevedo Oliveira

A depressão é uma doença silenciosa e, muitas vezes, confundida com tristeza ou desânimo. Apesar de já ser conhecida pelos médicos, os estudos se aprofundaram apenas nos últimos anos, pois afeta grande parcela da população.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que cerca de 10% da população mundial sofre com depressão, classificando essa doença como “mal do século XXI”.

No Brasil, já atinge aproximadamente 11,5 milhões de pessoas, o que permitiu nossa sociedade enxergá-la de maneira diferente, deixando de ser entendida apenas como variação de humor e passando a ser percebida como uma doença séria que necessita de cuidados médicos e um problema de saúde pública.

No entanto, os motivos que levam alguém a ter depressão não são claros. Os problemas enfrentados pela sociedade podem interferir no estado emocional de algumas pessoas a ponto de deixá-las doentes. As catástrofes ambientais, a pobreza, as relações de poder, a perda de pessoas próximas, até mesmo pandemias, são situações que afetam todo o sistema social e podem desencadear transtornos depressivos.

Mesmo com toda essa preocupação, ainda há muitas dúvidas e tabus relacionados à depressão. Alguns ainda se negam a vê-la como é uma doença e continuam afirmando que é apenas um descontentamento ou tristeza passageira.

Neste texto explicamos detalhadamente a doença, dos sintomas que podem indicá-la, aos tratamentos. Boa leitura!

A depressão

A depressão é caracterizada como um transtorno emocional, identificado por uma tristeza profunda, grave e persistente, que interfere na vida do paciente a ponto de retirar o prazer e o interesse nas suas atividades cotidianas. Apesar disso, muitas vezes essa falta de prazer nas atividades e na vida, pode não estar acompanhada de tristeza profunda.

Os transtornos depressivos podem ser divididos tanto por sintomas quanto por etiologia. Por sintomas são classificados como: transtorno depressivo maior, persistente ou específico.

O transtorno depressivo maior é o estado mais elevado da doença. Os pacientes ficam gravemente tristes, apáticos, alguns desleixam da higiene pessoal ou dos cuidados familiares, além de poderem afetar, também, a sua saúde nutricional. Já o transtorno depressivo persistente é a constância dos sintomas da depressão maior, por dois anos ininterruptos.

O transtorno depressivo específico, por outro lado, recebe esse nome pois os sintomas não são como os descritos anteriormente, não se encaixam no padrão, mas ainda assim causam o mesmo sofrimento ao paciente.

A origem da depressão é desconhecida, porém, alguns fatores ambientais e genéticos podem contribuir para o desenvolvimento da doença. Alguns acreditam que a hereditariedade genética, em parentes de primeiro grau, colabora.

Somado a isso, existem evidências de alterações químicas no cérebro de pacientes com depressão. Os neurotransmissores, tais como a serotonina, a dopamina e a noradrenalina, são grupo de moléculas que podem sofrer uma desregulação neuroendócrina e, com isso, levam ao desenvolvimento da doença.

Os fatores psicossociais também podem ser as causas ou gatilhos para a depressão. A perda de familiares, as separações, as situações de estresse, econômicas, entre outros, abalam de maneira significativa esses pacientes.

A depressão pode afetar pessoas de todas as idades, porém costuma atingir mais frequentemente adolescentes e pacientes entre 30 e 40 anos. Nos últimos anos, no entanto, foi descoberto que o transtorno tem crescido entre as pessoas idosas.

Como a depressão afeta os idosos?

Entre as síndromes geriátricas, a depressão é uma das mais frequentes entre os idosos. Estima-se que os sintomas da doença afetem cerca de um quinto da população idosa que possui familiares presentes e esses números dobram para aqueles que não tem a presença das famílias em suas vidas.

A maneira que a depressão se manifesta varia de paciente para paciente. Porém, nos idosos os sintomas estão ligados às queixas da velhice, como dores no corpo, fadiga, insônia, isolamento, perda de vontade, de potência, entre outros.

A qualidade de vida do paciente idoso é comprometida, uma vez que os transtornos depressivos levam o paciente a ter menos vontade de realizar as tarefas cotidianas, podendo prejudicar, dessa forma, diversas outras áreas da saúde.

É importante salientar que algumas doenças mais comuns na velhice, principalmente as que causam dor extrema e são incapacitantes, tais como certas doenças cardíacas, muitos tipos de cânceres, o mal de Parkinson, o Alzheimer, a esclerose múltipla e os distúrbios da tireoide, podem gerar um quadro de transtorno depressivo.

Como identificar a depressão?

O transtorno depressivo provoca sintomas que afetam, principalmente, as funções cognitivas e psicomotoras.

Os sintomas mais clássicos da depressão, por vezes, são ignorados pelos familiares de pacientes idosos, por acreditarem que fazem parte da velhice. Acabam negligenciando, assim, uma doença séria, que infelizmente, em alguns casos, pode levar ao suicídio.

Os principais sintomas que indicam a possibilidade de depressão, são:

  • tristeza profunda;
  • distúrbio do sono;
  • pensamentos suicidas ou até mesmo tentativa;
  • fadiga;
  • perda do desejo sexual;
  • perda do prazer em atividades.

O diagnóstico do transtorno depressivo muitas vezes é feito pelo médico geriatra e, quando necessário, com o auxílio de outros especialistas, como o psiquiatra, o psicanalista e o nutricionista, para que o tratamento correto seja aplicado.

Tratamentos para depressão

Os tratamentos para os transtornos depressivos, usualmente, são feitos com medicamentos, terapia ou psicoterapia e outras maneiras da estimulação cerebral. Por vezes é necessário a combinação desses tratamentos. O médico irá avaliar o quadro de cada paciente, verificar doenças pré-existentes que possam influenciar e direcionar o melhor para aquele paciente.

Estudos afirmam que o tratamento com antidepressivos para pessoas idosas leva mais tempo do que pessoas jovens, uma vez que idosos são mais sensíveis e, por isso, alguns médicos orientam dosagens mais baixas, consequentemente, o tratamento pode levar mais tempo quando comparado aos pacientes mais jovens.

A psicoterapia, desacompanhada de medicamentos, é aconselhada para pacientes com depressão leve. Tratando-se de pacientes idosos ela é muito benéfica com aqueles que sofreram grandes perdas, doenças incapacitantes e mudanças abruptas de vida.

Para os transtornos depressivos graves, no qual a farmacologia surta efeito, existe o tratamento chamado Eletroconvulsoterapia (ECT). Ele somente é indicado aos pacientes que tem sintomas gravíssimos e praticamente incuráveis pelos outros métodos, como repetidas tentativas de suicídio, agitação ou retardo psicomotor, delírios e pacientes que se recusam a comer.

Quando bem indicados, aos tratamentos para depressão possibilitam o controle dos sintomas e da doença, devolvendo a qualidade de vida para os pacientes.

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