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O que é a dermatite atópica?

Por: Dra. Elaine Vidigal

A dermatite atópica é uma doença crônica complexa. Dermatite se refere a quadros inflamatórios da pele, que podem ser desencadeados por diferentes causas e apresentarem mecanismos diferentes. Atópica se refere à ligação desse tipo de inflamação com uma hipersensibilização crônica do sistema imunológico. Outras doenças estão relacionadas à atopia, como a asma e a rinite alérgica. Inclusive, é muito comum que um paciente tenha mais de uma dessas três atopias.

A dermatite atópica é uma doença muito prevalente, atingindo entre 5% a 20% da população mundial. No Brasil, estima-se que 10,6% dos adolescentes e 11,3% das crianças tenham o diagnóstico da doença.

Seus primeiros sinais surgem na infância. Por esse motivo, é muito importante que as mães estejam atentas aos sintomas. Quer saber mais sobre o tema!

O que é a dermatite atópica?

A dermatite atópica é uma doença crônica, sem cura, que causa a inflamação crônica da pele devido a defeitos nas barreiras protetoras da pele, o que causa a hipersensibilização do sistema imunológico a diversas substâncias.

Causas

A dermatite atópica apresenta um componente genético muito importante. Por esse motivo, ter parentes próximos afetados (pais ou irmãos) aumenta o risco de uma pessoa desenvolvê-la.

A condição está relacionada ao gene da Filagrina, que é uma proteína imprescindível para a barreira cutânea. Com isso, ocorre uma disfunção:

  • Na capacidade de hidratação dessa barreira;
  • Nas junções celulares do tecido cutâneo, que é metaforicamente o cimento que une as células da pele.

Toda essa estrutura é essencial para manter a pele protegida contra a penetração dos mais diversos agentes, como microrganismos, poluentes, produtos químicos, alérgenos e outras substâncias.

Então, sem uma barreira cutânea íntegra, há uma maior exposição das camadas do tecido cutâneo a fatores que desencadeiam a inflamação local. O corpo interpreta as substâncias invasoras como uma ameaça e envia o sistema imunológico para desencadear uma resposta inflamatória.

Consequentemente, ocorre a sensibilização alérgica, a qual está relacionada com a cronificação da doença. Então, em vez de montar uma reação imunológica controlada e autolimitada, as células de defesa podem apresentar uma hiper-reatividade sempre que entrarem em contato novamente com as substâncias. Tudo isso faz surgir os sintomas dos pacientes.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a dermatite atópica não é normalmente causada por fatores emocionais. No entanto, situações de estresse ou de ansiedade podem levar a uma exacerbação (“piora”) das manifestações da doença.

Em outras palavras, os gatilhos emocionais isoladamente podem não ser um fator desencadeante, mas, em conjunto com outros fatores, podem levar a uma piora aguda do quadro.

Lesão característica da doença, o eczema

Essa é a lesão de pele típica da dermatite atópica, tanto que a doença já foi conhecida simplesmente como “eczema” ou como dermatite eczematosa. Ela apresenta características diferentes de acordo com a idade do indivíduo.

No primeiro ano, é chamada de eczema agudo, apresentando sinais inflamatórios mais pronunciados, — úmidas, avermelhadas e edemaciadas. A pele assume um aspecto áspero e ressecado.

Nesse estágio, a localização preferencial das lesões são as faces extensoras dos membros (atrás dos cotovelos, por exemplo), o abdome, a face, o pescoço e o couro cabeludo. Mais raramente, acomete também outras regiões do corpo. Em casos mais graves, pode ser generalizada, não poupando nenhuma região.

À medida que a doença progride e a criança cresce, as características mudam. O aspecto inflamatório mais pronunciado se perde e as lesões se tornam menos avermelhadas. A pele afetada fica com uma aparência descamativa.

Os locais preferenciais das lesões também se modificam, sendo os principais:

  • Regiões flexoras (dobras) dos cotovelos e joelhos;
  • Mãos;
  • Pés;
  • Tornozelo.

As lesões podem remitir durante a infância e o indivíduo não apresentar mais sinais clínicos evidentes. Quando o eczema persiste na adolescência, porém, a aparência das lesões também se modifica. Elas geralmente se apresentam como placas, que apresentam uma coloração mais escura do que a pele íntegra em volta. Os locais de preferência passam a ser:

  • Punhos;
  • Dorso das mãos;
  • Pescoço;
  • Pálpebras inferiores, entre outros.

Dermatite atópica x dermatite de contato (alérgica)

Apesar de um paciente poder apresentar as duas condições, a dermatite atópica não é sinônimo de dermatite de contato (alérgica).

  Dermatite de contato Dermatite atópica
Causas A barreira cutânea é geralmente normal.

Sensibilização do sistema imunológico a alérgenos específicos.

Falha na barreira cutânea, que leva a uma sensibilização a uma ampla gama de alérgenos.

 

Evolução natural É uma doença que se manifesta agudamente.

Normalmente, é mais simples identificar os gatilhos. De início, pode ser difícil, pois os sintomas aparecem apenas cerca de 48 horas depois da exposição.

Uma bateria de teste de contato pode revelar os alérgenos.

Com uma maior fragilidade da proteção cutânea, surge uma doença crônica com lesões persistentes, sendo desencadeadas por diferentes grupos de alérgenos.
Gatilhos e controle da exposição Então, é mais fácil encontrar o padrão de exposição. A ausência de contato com o fator desencadeante provoca a remissão do quadro. O afastamento dos gatilhos isoladamente, em geral, não é capaz de trazer a remissão da doença.

 

Principais sintomas da doença

A identificação e o tratamento precoces da dermatite atópica estão relacionados com um melhor prognóstico de controle da doença. Assim, é possível fortalecer a barreira da pele com formulações dermatológicas específicas e evitar a sensibilização do sistema imunológico por diversos agentes.

Além dos eczemas, o principal sintoma da doença é o prurido, a coceira. Ela pode ser persistente, presente em grande parte do dia, sendo mais intensa à noite. Comumente, afeta o indivíduo quase todos os dias, o que leva a prejuízos na qualidade do sono e inversão do ritmo biológico.

O que fazer quando suspeitar da dermatite atópica?

Muitas pessoas ficam na dúvida sobre qual médico procurar nos casos de dermatite atópica: pediatra? Dermatologista? Imunologista e alergologista?

Por ser uma doença imunomediada da pele, este último profissional pode auxiliar com um plano terapêutico que aborda os principais mecanismos na base dos sintomas da doença. Os pilares do tratamento serão:

  • Hidratação da pele;
  • Controle do ambiente para afastar os fatores irritantes e desencadeantes;
  • Controle medicamentoso das inflamações.

Em casos graves, o tratamento da dermatite atópica normalmente é feito com uma equipe multidisciplinar que envolve todas essas especialidades médicas, além de psicólogos e nutricionistas. O pediatra mantém o acompanhamento da saúde geral da criança. O dermatologista acompanha a saúde da pele, enquanto o alergista e imunologista buscará abordar a hipersensibilidade imunológica.

Quer saber mais sobre os sintomas da dermatite atópica e seu tratamento? Confira este artigo completo sobre o tema!

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