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Inseminação artificial: o que é e indicações

Por: Dra. Fabrícia Leal Zaganelli

Hoje há muitas possibilidades para casais inférteis terem filhos. A inseminação artificial (IA) é uma delas, sendo conhecida tecnicamente como inseminação intrauterina. Ela pode ser utilizada para diversos casos em que as tubas uterinas são permeáveis e não há nenhum fator grave de infertilidade. As taxas de gestação por ciclo de IA ficam em torno de 20%.

Há três etapas principais para realizá-la, que são a estimulação ovariana, o preparo seminal e a inseminação. Todas elas atuam em algum ponto do processo reprodutivo para otimizar as chances de uma fertilização bem-sucedida. Quer entender melhor suas indicações? Leia nosso post até a conclusão!

 

O que é a inseminação artificial?

A reprodução assistida tem três técnicas principais:

  • A relação sexual programada: estimulação ovariana com medicamentos seguida de relações sexuais agendadas para momentos otimizados para a fecundação;
  • Inseminação artificial: a estimulação ovarina é seguida da coleta de sêmen, que é processado em laboratório e inserido na cavidade uterina da mulher com uma cânula transvaginal;
  • Fertilização in vitro (FIV): consiste em seis etapas, em que a fertilização é feita em laboratório.

As duas primeiras são consideradas técnicas de baixa complexidade.

 

Indicações da inseminação artificial

Fator cervical

A infertilidade pode ser causada pela dificuldade de os espermatozoides passarem da vagina para a cavidade uterina através do canal do colo do útero por problemas, como:

  • Estenose (estreitamento) cervical;
  • Inflamação local;
  • Obstrução física ou funcional do canal.

Quando esse é o principal fator de infertilidade de um casal, eles poderão utilizar a inseminação artificial. Com ela, o sêmen preparado é injetado diretamente na cavidade uterina por meio de uma cânula inserida pela via transvaginal.

Fator masculino leve

O sêmen do homem é composto de:

  • Células reprodutivas, os espermatozoides, que precisam ter um movimento adequado e direcional, além de uma forma funcional;
  • Plasma seminal, que contém substâncias químicas e células não reprodutivas, como os leucócitos.

Quando há alterações leves, com uma quantidade de espermatozoides viáveis disponíveis no sêmen, é possível utilizar a inseminação artificial. Ao contornar o obstáculo da passagem pelo colo e selecionar as melhores células, aumenta-se as chances de que algum dos gametas seja bem-sucedido em encontrar e fecundar o óvulo.

Problemas psicológicos e físicas que dificultem as relações sexuais

Alguns exemplos são:

  • Vaginismo, isto é, a contração excessiva ou espasmos da região da vagina, o que desencadeia dor durante as relações sexuais;
  • Problemas da ereção e/ou da ejaculação;
  • Malformações;
  • Problemas neurológicos ou psiquiátricos.

Casais sorodiscordantes ou com cepas virais diferentes

Os casais sorodiscordantes são aqueles em que um dos membros é portador do vírus HIV, enquanto o outro, não. Já naqueles com cepas virais diferentes, ambos estão infectados pelo vírus, mas eles não apresentam o mesmo “tipo” de vírus. Nessas situações, eles poderão utilizar a inseminação artificial caso desejem um tratamento de reprodução assistida.

Endometriose mínima ou leve

Mesmo as mulheres acometidas com lesões superficiais ou pouco numerosas da endometriose podem apresentar dificuldade para engravidar. Com o preparo seminal, há uma maior chance de os espermatozoides vencerem um endométrio mais hostil devido à inflamação causada pela endometriose, que pode atingir diversos órgãos pélvicos.

Fator tubário parcial

Há mulheres que têm a permeabilidade tubária reduzida, mas ainda preservada. Nessa situação, um melhor prognóstico reprodutivo pode ser alcançado pela inseminação intrauterina.

 

Como é feita a inseminação artificial?

Agora que você já conhece as indicações da Ia, poderá compreender como as suas diferentes etapas auxiliam na fertilidade.

Estimulação ovariana

Em ciclos naturais, as mulheres geralmente liberam apenas um gameta no período ovulatório. Diversos folículos crescem, mas apenas um se torna dominante e se desenvolve até o ponto em que libera um óvulo.

Por meio de medicamentos que alteram a regulação hormonal, é possível desencadear a evolução de mais de um óvulo até o estágio final de maturidade. O número obtido depende do protocolo utilizado. Na fertilização in vitro, busca-se o desenvolvimento de 5 a 20 folículos dominantes. Depois disso, eles são aspirados pela punção ovarina.

Já na inseminação artificial, busca-se obter 2 a 3 folículos dominantes. Para isso, após a administração dos fármacos estimulantes do ovário, a mulher passará por ultrassonografias e dosagens hormonais periódicas. Quando o número desejado for atingido, ela receberá medicações para o estímulo à ovulação.

Um maior número de óvulos disponíveis nas tubas uterinas aumenta as chances de que um espermatozoide consiga fecundá-los e de que, ao menos, um embrião gerado consiga se implantar no útero.

Preparo seminal

A IIU pode ser feita com sêmen dos próprios pacientes, chamamos esse tipo de IIU com sêmen homólogo. Ela é frequentemente indicada para fator masculino leve ou infertilidade sem causa aparente (ISCA). Já o uso de sêmen doado (heterólogo) é mais utilizado por casais homoafetivos femininos e mulheres solteiras que querem engravidar.

Em ambos os casos, é mais comum utilizar o preparo seminal para melhorar o prognóstico da fertilização. Nesse processo, os espermatozoides são separados do plasma seminal depois de contornarem ativamente diversos obstáculos, como gradientes de densidade cada vez mais elevados.

Os espermatozoides são as células com maior motilidade no sêmen, então geralmente são as únicas capazes de ultrapassar esses empecilhos. Ao final, obtêm-se um material com os espermatozoides mais móveis e direcionais, além de terem sido eliminados eventuais substâncias, células não germinativas e microrganismos (que ficam retidos no plasma seminal).

A inseminação artificial pode ser realizada com o sêmen a fresco, mas essa modalidade vem caindo em desuso.

Inseminação

Por fim, com o auxílio de uma cânula transvaginal, o sêmen preparado é depositado na cavidade uterina com uma cânula transvaginal. O procedimento é realizado em ambiente ambulatorial, de forma não invasiva.

Portanto, a inseminação artificial é uma técnica muito importante na medicina reprodutiva. Muitos casais podem se beneficiar dela antes de tentar o procedimento mais complexo disponível atualmente, a FIV.

Quer saber mais sobre a inseminação artificial e como ela é feita? Então, não deixe de ler este artigo completo sobre o tema!

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