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FIV (fertilização in vitro): indicações

Por: Dra. Fabrícia Leal Zaganelli

A fertilização in vitro, a FIV, é o procedimento de mais alta complexidade disponível na reprodução assistida. Ela é indicada para diversos casos de infertilidade feminina ou masculina, — com causa identificada ou não. Em comparação às outras técnicas, como o coito programado e a inseminação artificial, apresenta uma melhor chance de sucesso quando avaliamos as taxas de gestação clínica quanto as taxas de nascimentos vivos.

A FIV é realizada em seis etapas principais, intervindo em vários pontos importantes do processo reprodutivo. Elas são: (1) estimulação ovariana; (2) coleta e preparo de gametas; (3) fertilização (fecundação); (4) cultivo embrionário; (5) transferência de embriões; e (6) manutenção da fase lútea com suporte hormonal.

Os procedimentos adotados em cada etapa são individualizados de acordo com as necessidades de cada caso, além de poderem ser empregadas técnicas complementares para melhorar o prognóstico reprodutivo.

Por essas características, a FIV é a terapia de RA mais utilizada no mundo, sendo indicada para diversos casais. Quer saber mais sobre esse tema? Acompanhe o nosso post!

O que é a FIV? Como ela é feita?

A realização da FIV pode ser resumida em seis etapas principais:

  1. Estimulação ovariana: tem o objetivo de estimular o amadurecimento final de uma quantidade maior de folículos do que em ciclos naturais (em que geralmente apenas um óvulo é liberado). Essa etapa, porém, pode ser dispensada caso a mulher não vá utilizar os próprios gametas ou já tenha óvulos criopreservados;
  2. Coleta de gametas: na mulher, a coleta é feita pela aspiração do óvulo de cada folículo pela punção ovariana guiada por ultrassonografia. Já o homem coleta o gameta após estimulação peniana feita por ele com o armazenamento do sêmen em recipiente estéril;
  3. Fertilização: o encontro dos gametas pode ocorrer espontaneamente em placa com meio de cultura próprio (fertilização tradicional) ou o espermatozoide pode ser injetado dentro do óvulo com uma agulha microscópica (injeção intracitoplasmática de espermatozoides, ou ICSI;
  4. Cultivo embrionário: após a fecundação, os embriões são monitorados em laboratório, podendo ser transferidos ao útero após 3 a 6 dias;
  5. Transferência embrionária: os embriões formados e cultivados são inseridos na cavidade uterina, onde se instalarão e crescerão caso a nidação seja bem-sucedida. O número de embriões que podem ser transferidos a cada ciclo é determinado pelo Conselho Federal de Medicina, tendo em vista a idade da mulher.
  6. Manutenção da fase lútea com suporte hormonal: a receptividade endometrial é fundamental para que a nidação (implantação embrionária) aconteça. Para manter o endométrio adequado, precisamos fazer o suporte hormonal com progesterona ou hCG, que aumenta as chances de gestação e as taxas de nascimentos.

Quais as indicações da FIV?

Tradicionalmente, a FIV surgiu para auxiliar as mulheres com condições tubárias que comprometiam a fertilidade. Com a fertilização laboratorial, elas poderiam contornar alguns fatores que dificultavam o transporte e a fertilização de gametas. Contudo, provou-se que a fertilização in vitro poderia ser útil para uma gama muito mais ampla de situações.

Atualmente, a FIV é indicada para quase todos os casos de infertilidade, tanto por fatores masculinos como femininos, leves ou graves.

Fator tubário

As tubas podem apresentar estreitamentos, obstruções e outras barreiras mecânicas à passagem dos espermatozoides, dos óvulos ou do embrião. Veja algumas causas desses problemas:

  • Malformação congênita: algumas mulheres podem apresentar, desde o nascimento, defeitos na formação das tubas uterinas.
  • Aderências pélvicas: elas surgem geralmente de cicatrizações anômalas causadas por processos inflamatórios prévios. Elas podem se formar dentro ou fora das tubas uterinas. Caso se formem na cavidade pélvica, poderão pressionar as tubas externamente, causando um estreitamento do canal tubário;
  • Cirurgias de esterilização (laqueadura): a ligadura das tubas uterinas para a contracepção é um procedimento eletivo muito utilizado pelas mulheres que não desejam mais engravidar. Contudo há chances de arrependimento e a FIV pode ser utilizada nesses casos.

Infertilidade por fator masculino

Em caso de comprometimento seminal mais leve, as outras técnicas de reprodução assistida podem ser tentadas antes de iniciar a FIV. É uma escolha do casal após o médico explicar os riscos e benefícios de cada opção disponível.

Caso a infertilidade masculina seja moderada ou grave, a FIV está indicada, pois melhora significativamente o prognóstico reprodutivo em comparação às demais técnicas. Afinal, no coito programado e na inseminação intrauterina, ainda é necessário que o homem tenha uma quantidade elevada de espermatozoides com boa qualidade, isto é, DNA íntegro, forma adequada, movimentação suficiente e direcional.

Baixa reserva ovariana ou falência ovariana

No caso de baixa reserva ovariana, a hiperestimulação dos folículos promovida na primeira fase da vida pode proporcionar a obtenção de quantidade suficiente de óvulos para os ciclos da FIV. Além disso, nas próximas etapas, a mulher poderá receber terapias hormonais complementares para estimular o crescimento do endométrio e melhorar sua receptividade.

Quando há falência ovariana (ausência de folículos viáveis para reprodução), a FIV também pode ser empregada no plano terapêutico. Ela será, então, complementada pela doação de óvulos.

Infertilidade sem causa aparente

Após uma extensa investigação na medicina reprodutiva, pode não ser encontrado nenhum fator de infertilidade no casal. Assim, surge o diagnóstico de “infertilidade sem causa aparente” (ISCA). Os estudos mostram que mesmo esses casos se beneficiam da FIV para a melhora do prognóstico reprodutivo.

Falha de técnicas menos complexas anteriormente

Caso o casal tenha passado pela CI ou pela IA previamente, sem sucesso, eles poderão contar com a FIV. Por intervir em mais etapas do processo de fertilização, ele pode trazer melhores resultados, ainda que haja falha em terapias anteriores.

Por tudo isso, a FIV é uma técnica com excelentes taxas de sucesso, principalmente devido à alta personalização de todo o tratamento. Após uma investigação dos diferentes fatores que influenciam a fertilidade do casal, os pacientes recebem um plano terapêutico individualizado para melhorar os diversos fatores que podem estar relacionados com as dificuldades reprodutivas.

Quer saber mais sobre a FIV e como ela é feita? Confira nosso artigo especial sobre o tema!

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