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Fertilização in vitro e inseminação artificial: conheça as diferenças

Por: Dra. Fabrícia Leal Zaganelli

Fertilização in vitro e inseminação artificial são técnicas de reprodução assistida. Quem não conhece, ainda confunde esses dois termos, mas os tratamentos passam por diferentes etapas de realização.

A reprodução assistida é a área da medicina dedicada ao acompanhamento de casais que não conseguem ter filhos de forma espontânea. São inúmeros os fatores de infertilidade conjugal, os quais abrangem problemas masculinos e femininos em proporção semelhante.

A avaliação de um profissional especialista em medicina reprodutiva é indicada quando o casal vem tentando a gravidez, sem sucesso, por pelo menos um ano. Quando a mulher tem mais que 35 anos, a indicação é que procure ajuda médica após 6 meses de tentativas.

O casal, então, deve passar por avaliação clínica detalhada e investigação diagnóstica com exames laboratoriais e de imagem. Com base nos resultados, as técnicas de reprodução assistida são apresentadas para definição do tratamento mais promissor.

Há três técnicas disponíveis:

Casos mais simples podem ser tratados com as técnicas de baixa complexidade — RSP e inseminação artificial —, enquanto os mais complexos necessitam da FIV.

Entenda, neste post, quais são as diferenças entre inseminação artificial e fertilização in vitro!

Por que as técnicas são consideradas de baixa ou alta complexidade?

A diferença entre fertilização in vitro e inseminação artificial começa na complexidade das técnicas. Os critérios para essa definição incluem o nível dos procedimentos realizados ao longo do tratamento, bem como o local onde a fecundação acontece.

As técnicas consideradas de baixa complexidade são aquelas que necessitam de menos intervenção clínica e laboratorial. Além disso, o óvulo é fecundado no corpo da mulher (in vivo), precisamente em uma das tubas uterinas, tal como ocorre na reprodução natural.

A FIV é eleita a técnica de alta complexidade da reprodução assistida, pois requer uma série de procedimentos para que todas as etapas iniciais do processo reprodutivo sejam controladas em ambiente laboratorial. Inclusive, a fecundação dos óvulos ocorre nesse ambiente, ou seja, fora do corpo da mulher.

Afinal, quais são as diferenças entre as duas técnicas?

Você acabou de ver que uma das diferenças entre fertilização in vitro e inseminação artificial é a complexidade das técnicas. Veja, agora, de forma resumida, como cada uma é realizada e entenda quais são os pontos que diferem uma da outra!

Inseminação artificial

A inseminação artificial é feita em 3 etapas: estimulação ovariana com indução da ovulação, preparo seminal e introdução do sêmen no útero.

A estimulação ovariana é um tratamento hormonal que faz com que os ovários desenvolvam um grande número de folículos para obter mais óvulos. Na técnica de baixa complexidade, o protocolo de estímulo é brando, pois a finalidade é desenvolver no máximo 3 óvulos. Isso porque, como a fecundação ocorre naturalmente na tuba uterina, existe o risco de gestação gemelar.

No dia da inseminação, é feito o preparo seminal, que consiste em submeter uma amostra de sêmen a técnicas de capacitação espermática. Dessa forma, é possível selecionar os espermatozoides com boa morfologia e motilidade, os quais têm potencial para fecundar um óvulo.

O acompanhamento do crescimento folicular na estimulação ovariana, feito com exames de ultrassonografia e dosagens hormonais, possibilita a previsão de quando os óvulos serão liberados. Assim, a amostra processada de sêmen é introduzida no útero da paciente com uma cânula, no dia em que a ovulação deve ocorrer.

A inseminação artificial é indicada para fatores leves de infertilidade, como distúrbios de ovulação, problemas no muco cervical, endometriose em estágios iniciais, disfunções sexuais e ejaculatórias e alterações espermáticas brandas. São elegíveis para esse tratamento as pacientes com menos de 35 anos e ao menos uma das tubas uterinas com boa permeabilidade.

Fertilização in vitro

São 5 as etapas principais de realização da FIV, incluindo:

  • estimulação ovariana;
  • coleta dos gametas;
  • fertilização;
  • cultivo dos embriões;
  • transferência para o útero.

A estimulação ovariana, na alta complexidade, é feita com um protocolo mais intenso, pois visa à coleta do maior número possível de óvulos maduros.

Na FIV, assim como o sêmen é colhido e processado, os folículos ovarianos são aspirados e a coleta dos óvulos é feita em laboratório. Assim também, a fecundação e o cultivo embrionário acontecem em ambiente laboratorial.

A fertilização pode ser feita da forma clássica ou por injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). Na FIV clássica, milhões de gametas masculinos são colocados próximo aos óvulos para que se movam até eles e os fecundem. Na ICSI, cada espermatozoide é manipulado individualmente, analisado com um microscópio e injetado dentro de um óvulo.

Um dia depois, o embriologista observa quantos embriões foram gerados, os quais ficam em cultivo em incubadora durante os primeiros dias de desenvolvimento. Ao final desse período, os embriões são transferidos para o útero da paciente. Para aumentar as chances de implantação, realiza-se o suporte hormonal que deixa o ambiente uterino mais receptivo.

A FIV é indicada para diversos e graves fatores de infertilidade, como:

  • idade materna acima dos 35 anos;
  • tubas uterinas obstruídas;
  • endometriose avançada;
  • alterações masculinas graves;
  • doenças uterinas;
  • baixa reserva ovariana;
  • falhas nos tratamentos de baixa complexidade.

Quais são as taxas de sucesso dessas técnicas?

A inseminação artificial tem 20% de chance de chegar a uma gravidez, enquanto a FIV apresenta 40% ou mais. Entretanto, apesar dos recursos avançados, a idade da mulher continua sendo um fator determinante — após os 40 anos, as chances são cada vez menores.

Nos tratamentos atuais, a FIV é mais realizada em razão da abrangência dos casos que pode tratar. Entretanto, quando bem indicadas, tanto a fertilização in vitro quanto a inseminação artificial podem alcançar o resultado esperado.

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