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Depressão: saiba mais sobre o diagnóstico

Por: Dra. Joana Azevedo Oliveira

A depressão é uma doença psiquiátrica crônica multifatorial que acomete milhares de pessoas ao redor do mundo. Ela atinge pessoas de várias faixas etárias, etnias, classes, gêneros e grupos sociais. É uma condição que tem crescido muito nos últimos anos, e por isso, acendeu um alerta para os grandes órgãos mundiais de saúde.

O período mais comum para desenvolvimento da depressão é o final da 3ª década da vida, mas pode começar em qualquer idade. Estudos mostram prevalência ao longo da vida em até 20% nas mulheres e 12% para os homens.

Dentre as causas para desenvolver depressão estão:

  • Genética: histórico familiar positivo para depressão aumentam o risco para o desenvolvimento do quadro nos componentes da família;
  • Bioquímica cerebral: a deficiência de substâncias cerebrais, chamadas neurotransmissores, como Noradrenalina, Serotonina e Dopamina que estão envolvidos na regulação da atividade motora, do apetite, do sono e do humor, pode desencadear quadros depressivos;
  • Eventos vitais: situações traumáticas, como perdas importantes, eventos estressantes e outros acontecimentos que repercutem na saúde mental do indivíduo podem predispor o desenvolvimento de depressão.

Outros fatores como dependência de álcool e outras drogas, ansiedade crônica, doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas e neoplasias (cânceres) são considerados fatores de risco para depressão.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de trezentos milhões de pessoas, no mundo todo, sofrem de depressão. Na América Latina, o Brasil é o país com mais casos.

De acordo com o Ministério da Saúde, a prevalência de casos de depressão está em torno de 15% da população brasileira.

Vale ressaltar ainda que a depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma importante para a carga global de doenças. A depressão é, portanto, um grande desafio para a saúde visto os perfis e dados epidemiológicos citados.

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Quais são os sintomas da depressão?

Os sintomas podem ser variáveis de acordo com o grau da depressão que o indivíduo apresente. O principal sinal para identificação de quadros depressivos são as variações do humor.

O humor depressivo se caracteriza por sensação de tristeza, autodesvalorização, sentimento de culpa, rebaixamento. Normalmente, os pacientes relatam que perderam a capacidade de “sentir prazer ou alegria”.

Podem fazer avaliações negativas de si mesmo, julgar-se como um peso para familiares e amigos e, em casos mais graves, podem até mesmo enxergar a morte como uma alternativa para os problemas.

Outros sintomas que podem surgir são:

  • Retardo do humor;
  • Falta de energia;
  • Cansaço excessivo;
  • Lentificação do pensamento;
  • Falta de concentração;
  • Queixas de perda de memória, vontade e perspectiva;
  • Insônia ou sonolência;
  • Alterações do apetite, geralmente diminuído;
  • Redução do interesse sexual;
  • Dores e sintomas físicos difusos como mal estar, queixas digestivas, dor no peito, palpitações, sudorese.

É importante salientar que, em idosos, alguns sentimentos, como angústia, e episódios de crise de choro podem não ser exteriorizados pelo paciente. Isso faz com que o diagnóstico precoce seja dificultado, pois a situação pode ser enxergada como processo natural do envelhecimento.

Por isso, quadros em que idosos demonstram a falta de interesse até mesmo em atividades diárias, como alimentação, banhos e lazer, deve ser encarada como uma situação anormal e que requer investigação médica.

Como é feito o diagnóstico?

É importante identificar os quadros de depressão precocemente, para que o tratamento seja iniciado em estágios iniciais e chances de complicação do quadro, como demência sejam reduzidas.

Isso porque, em muitos quadros, existe a correlação entre as duas condições e o tratamento que será estabelecido depende da diferenciação. O primeiro passo para o diagnóstico da depressão é a investigação minuciosa da história clínica apresentada pelo paciente.

Informações como a perda de interesse em diversas situações da vida, redução do apetite, humor depressivo e hiporreativo, além da presença de outros sintomas que foram citados são fundamentais para estabelecer o diagnóstico.

Durante a consulta, o médico pode avaliar o comportamento e participação do paciente. Isso porque, muitas vezes algumas queixas são omitidas pelo paciente, mas que podem ser identificadas pelo médico ao longo da conversa, como a apatia por exemplo.

Alguns testes de rastreio, como a Escala de Depressão Geriátrica, (Geriatric Depression Scale – GDS) podem ser úteis no estreitamento do raciocínio clínico, pois é utilizado para identificar sintomas depressivos em idosos. A avaliação geriátrica pode ser muito útil nesses casos.

Além disso, existem outros métodos para diferenciação entre quadros de demência e depressão. A demência pode ocorrer nos quadros conhecidos como demência vascular, demência associada à doença de Parkinson, demência frontotemporal e outras formas.

O teste conhecido como mini exame do estado mental, Mini-Mental, pode ser aplicado para avaliar a capacidade cognitiva do paciente e ajudar na identificação de quadros demenciais.

O médico pode notar também que pacientes portadores de demência tendem a ser mais colaborativos durante a consulta, quando comparado a pacientes com humor deprimido.

Não existem exames que possam ser solicitados para confirmação do diagnóstico de depressão. Apesar disso, alguns podem ser úteis para avaliar a presença de outra doença de base que esteja provocando sintomas semelhantes aos de depressão.

A realização de eletroencefalograma também pode apontar alterações nos quadros de demência, para a diferenciação, apesar de ser pouco utilizado para esta finalidade.

E o tratamento?

O tratamento da depressão deve ser indicado de maneira individualizada, visto que existem métodos que podem ser úteis em quadros com diferentes níveis de gravidade. A intervenção medicamentosa é utilizada em muitos casos.

Diversas classes de medicamentos oferecem a possibilidade de tratamento da depressão de maneira efetiva de acordo com a adaptação do paciente. A partir disso, o médico pode realizar tentativas de classes e doses dos medicamentos para atingir o tratamento benéfico.

Além disso, acompanhamento psicológico, como sessões de terapia, e prática de atividade física são essenciais para tornar o prognóstico melhor.

É importante ressaltar que o tratamento da depressão requer persistência para promover a melhoria no bem estar físico e mental do paciente e na qualidade de vida de maneira geral. Dessa forma também, previne-se também o agravamento dos quadros de depressão.

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