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Demência frontotemporal: sintomas

Por: Dra. Joana Azevedo Oliveira

A palavra demência está associada, no uso popular, à loucura e à perda da sensatez. Contudo, na medicina a demência é entendida de outra forma, diferente do senso comum, sendo vista como uma degeneração das funções cognitivas de maneira ininterrupta, crônica e irreversível.

A demência frontotemporal (DTF) consiste na degeneração das regiões pré-frontais e temporais do cérebro, ou seja, afeta as regiões ligadas principalmente ao comportamento, à personalidade, linguagem e capacidade de executar tarefas.

Ela está associada a um quadro clinico progressivo, no qual não há uma causa própria bem definida. Apesar disso, alguns estudos afirmam uma predisposição genética.

A DTF, ao contrário de outras demências, pode se manifestar antes da velhice, a partir dos 50 anos de idade, porém os sintomas se tornam mais evidentes após os 65 anos. Por ser uma doença degenerativa tende a se agravar com o tempo, no entanto, o tratamento feito com medicamentos pode tornar os sintomas mais leves.

Neste texto, abordamos tudo sobre a demência frontotemporal. Leia até o final e fique por dentro!

Sintomas da demência frontotemporal

Alguns sintomas da demência frontotemporal são:

  • Desânimo: o paciente apresenta abatimento, tristeza, dificuldade para realizar sua higiene pessoal ou fazer suas tarefas diárias. Torna-se indiferente aos acontecimentos do mundo, perdendo a sensibilidade emocional;
  • Desinibição: passa a apresentar comportamento de desinibição em ambiente social, como falar sobre intimidades a estranhos, podendo gerar situações de constrangimento. Pode fazer com que o paciente mude sua personalidade, tanto para muito extrovertido, quanto para antissocial;
  • Disfunção da linguagem: o paciente apresenta distúrbios na fala, tem dificuldade na pronuncia de fonemas, na articulação de vogais. Há, também, dificuldade de compreensão da linguagem escrita e diminuição da capacidade de escrever. Com a evolução da doença, pode até perder habilidade de se comunicar;
  • Irritabilidade: o paciente passa a ter mudança de humor, ficando mais irritado com as situações. Essa irritabilidade pode se tornar agressiva;
  • Obsessão: a pessoa com DTF poderá desenvolver algumas obsessões, como a acumulação, a necessidade de fazer algo sempre em determinado horário, a impulsividade para fazer compras compulsivamente, entre outras;
  • Hipersexualidade: em alguns casos a DTF pode levar o paciente a perder o controle da conduta social adequada e pode se tornar erotizado;
  • Falta de empatia: com o agravamento da doença, perde a capacidade de sentir empatia pelos outros, os acontecimentos próximos a ele não lhe despertam emoção.

Os sintomas da demência frontotemporal, geralmente são percebidos por companheiros e familiares, já que esse, por sua vez, não costuma ter percepção das mudanças do próprio comportamento ou não as relaciona a uma doença grave e séria, uma vez que é comum a associação desse comportamento à velhice.

Os sintomas podem ser semelhantes aos de outras doenças? Como diferenciar?

É importante ressaltar que existem tipos diferentes de demências frontotemporais, além de distintas manifestações da doença. A principal é denominada de doença de Pick. Esse nome é utilizado para demonstrar as alterações patológicas da DTF, que incluem o agravamento da atrofia e a perda da fala de forma intensa.

Os sintomas são basicamente os mesmos, porém a principal distinção são as causas das doenças, pois na doença de Pick existe uma relação genética que leva ao acumulo de proteína do tipo Tau nos lobos frontotemporais do encéfalo.

Outra demência relacionada a DTF é a doença de Alzheimer (DTA). As duas são demências degenerativas primarias, ou seja, afetam o comportamento cerebral e, por isso, foram relacionadas e até mesmo confundidas durante muito tempo.

A principal diferença clínica entre elas está na temporalidade, uma vez que os pacientes que apresentam sintomas do Alzheimer se queixam da alteração da memória e de falhas nas suas funções cognitivas, tais como atenção, linguagem, perda de estimulo e de localização, enquanto as mudanças comportamentais são mais tardias.

Ao contrário da DTF, que apresenta as modificações de personalidade precocemente e as falhas de memória somente no estágio mais agravado da doença.

Como a doença se desenvolve?

A demência frontotemporal se desenvolve de forma progressiva em cada paciente. Trata-se de uma doença degenerativa, ou seja, os sintomas começam de forma leve e com o passar dos anos se agravam, até se tornarem irreversíveis.

O que acontece na DTF é uma degeneração fora do normal para o padrão saudável de envelhecimento. Os neurônios são perdidos desde o nascimento e com a chegada da velhice é comum uma lentidão maior.

Entretanto, na DTF os lóbulos frontais e temporais são afetados mais agressivamente devido a sedimentação da proteína Tau anômala, provocando um deterioramento gradativo das funções cognitivas, em uma quantidade maior do que deveria.

Em até cerca de metade dos pacientes a causa desse defeito na proteína Tau é genética, contudo, no restante as causas são diversas e não foram todas ainda bem identificadas.

A DTF não tem cura, portanto, o tratamento para esse tipo de demência varia de acordo com os sintomas do paciente, se ele apresenta um quadro de depressão, desanimo, tristeza ou irritabilidade, por exemplo, são indicados medicamentos para esses sintomas, observando os efeitos e as reações adversas.

Que médico procurar e quando?

Para saber se os sintomas apresentados pelo paciente são uma DTF ou não, o diagnostico deve ser feito por meio do médico especialista em geriatria, ele irá se basear no histórico de declínio do paciente (histórico clinico), isso quer dizer que vai analisar quando os sintomas começaram e como estão se manifestando.

No entanto, também é necessária a realização de exames neurológicos e a identificação de um perfil característico à avaliação neuropsicológica. Esses exames devem ser feitos por neurologistas e psiquiatras, junto com a avaliação do médico geriatra.

Apesar de ser uma doença que não tem cura, caso os cuidados se iniciem logo que os sintomas são percebidos pelos familiares ou companheiros dos pacientes, seguindo as orientações médicas o tratamento adequado ajuda na manutenção da qualidade de vida.

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