O aborto é uma situação comum que mulheres podem enfrentar durante a gestação, seja ela natural ou por meio de técnicas de reprodução assistida. É caracterizado como interrupção da gestação por algum fator.
O termo aborto se refere ao feto, com menos de 22 semanas de gestação e possui peso inferior a 500 g, que teve seu desenvolvimento interrompido. Já o termo abortamento é definido como a interrupção da gravidez antes de atingida a viabilidade fetal.
O abortamento é a intercorrência obstétrica mais comum. Cerca de 20% das gestações evoluem para aborto antes de completar 20 semanas, sendo que, destas, 80% são interrompidas até a 12ª semana.
Os abortos podem ocorrer durante toda a gestação, porém, o risco é maior principalmente no primeiro trimestre. A frequência de abortos decai, de acordo com o avanço da idade gestacional.
Muitas vezes, esses dois termos “aborto” e “abortamento” são utilizados como sinônimos. Porém “abortamento” refere-se ao processo e “aborto”, ao feto que foi eliminado. Apesar disso, durante o texto, vamos utilizar o termo aborto.
Quando o aborto ocorre por mais de duas vezes em gestações consecutivas, passa então a ser denominado aborto de repetição.
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O que caracteriza o aborto de repetição?
O aborto de repetição pode ocorrer por diversas causas, dentre as quais se encontra principalmente a inviabilidade do feto. Em alguns quadros, o próprio organismo da mulher pode identificar gestações de fetos que possuem falhas genéticas que são incompatíveis com a vida.
A partir disso, o próprio organismo da mulher gestante é capaz de eliminá-lo e pode ser uma das causas de aborto. A mulher que passa por abortos de repetição merece atenção e cuidados especiais, principalmente nas gestações realizadas por meio da reprodução assistida.
Isso porque, o desejo de engravidar e as dificuldades do processo já se tornaram realidade para essa paciente e enfrentar mais impasses durante as tentativas pode contribuir para o desenvolvimento de diversos traumas e inseguranças.
Quais são as causas do aborto de repetição?
Existem diversos motivos para que o aborto de repetição ocorra. Algumas mulheres podem ser mais propensas a terem suas gestações interrompidas, principalmente devido aos fatores de risco, como:
- Idade: o risco de aborto de repetição com o avançar da idade materna, chegando aos 80% de chance em mulheres com idade igual ou superior a 45 anos;
- Histórico positivo para abortos prévios;
- Tabagismo: o hábito de fumar pode aumentar as chances de ocorrência do aborto de repetição;
- Consumo de álcool e drogas;
- Excesso de peso.
Vale ressaltar, que o tabagismo passivo, isto é, quando a gestante reside em local com outros fumantes, também pode colaborar para aumentar as chances de ocorrer abortos. O ideal é que o hábito seja interrompido.
A mudança de alguns hábitos de vida incompatíveis com a gestação pode colaborar para que o processo seja mais positivo.
Já dentre as causas do aborto de repetição, estão:
Genética
É a causa mais frequente, responsável por cerca de 50% das perdas fetais precoces. Muitas falhas genéticas podem ser provocadas por gametas, óvulos e espermatozoides, anormais.
Para mulheres, a idade superior a 35 anos aumenta o risco de desenvolvimento de alterações genéticas. Já para os homens, a partir dos 45 anos as alterações genéticas podem se tornar mais comuns.
A mulher que passa por abortos devido a falhas genéticas tem chances maiores de haver repetição do quadro. Vale ressaltar que para confirmação de aborto de repetição por falhas genéticas o feto deve ser enviado para análise citogenética.
Alterações anatômicas
A mulher que possui alterações uterinas anatômicas tem maiores chances de passar por abortos de repetição. Essas alterações podem ser congênitas, quando a mulher nasce com elas ou são adquiridas ao longo do tempo.
As malformações uterinas congênitas mais comuns são útero bicorno, didelfo, septado ou unicorno. Essas alterações podem desfavorecer a implantação, vascularização e todo o processo de gestação, propiciando o aborto.
Dentre as alterações anatômicas adquiridas estão cânceres, como o leiomioma, a endometriose e aderências, conhecidas como sinequias.
Alguns exames de imagem podem ser úteis para identificação dessas anormalidades anatômicas.
Trombofilia
É uma doença caracterizada pela coagulação excessiva do sangue. Nessas condições a implantação do embrião pode ser dificultada e o risco de aborto de repetição é aumentado.
Para evitar que situações como essas ocorram, exames de sangue podem auxiliar na descoberta da etiologia do aborto de repetição e na busca por métodos para contornar o quadro.
Fatores hormonais
Alguns hormônios são essenciais para a manutenção da gestação. As alterações de progesterona e alguns hormônios tireoidianos podem interferir diretamente no desenvolvimento fetal e no processo de gestação.
As dosagens hormonais podem ser solicitadas no processo de investigação do fator causal, como a dosagem de T3 e T4, hormônios tireoidianos, progesterona e vários outros.
Infecções
Processos infecciosos são comuns no sistema reprodutor feminino. Algumas infecções podem favorecer o abortamento e até mesmo atuar como fatores de risco para desenvolvimento de malformações e outras intercorrências durante a gravidez.
Existem métodos para investigar e prevenir processos infecciosos femininos, principalmente durante a gravidez, que podem ser recomendados pelo médico responsável.
Vale destacar, nesse caso, a endometrite, que é a inflamação do endométrio e está muito relacionada a abortos de repetição.
Fatores imunológicos
O sistema de defesa da mulher atua no processo de implantação do embrião após a fecundação. Em alguns casos, o sistema imunológico pode atuar de maneira exacerbada e contribuir para o aborto de repetição e eliminar o feto precocemente.
Fatores masculinos
Assim como a inviabilidade de gametas femininos é possível, os espermatozoides, gametas masculinos, também podem apresentar anormalidades que propiciem o aborto de repetição.
Dentre os fatores que predispõem a formação dessas anormalidades estão o hábito de fumar, uso de drogas e quadro de varicocele, dilatação das veias que drenam o sangue testicular devido à incompetência das válvulas venosas, associada ao refluxo venoso.
Qual a forma de tratamento?
Inicialmente, a causa para que o aborto de repetição ocorra, deve ser investigado e métodos para tratamento devem ser implementados, nos quadros em que existe a possibilidade.
É importante que a mulher e seu parceiro(a), estejam dispostos a estabelecer mudanças nos hábitos de vida que diminuam o risco de abortamento.
As técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV), podem ser úteis no processo de tratamento nos diversos quadros de infertilidade. Além disso, a doação de sêmen é uma possibilidade em quadros de infertilidade masculina.
O aborto de repetição é muito comum, porém existem formas de abordar e tratar para que o sonho da gravidez seja possível.
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