Atualmente, a saúde feminina tem tido mais destaque na sociedade. A mulher busca se cuidar mais e tem autonomia para isso. Por muito tempo, dores e outros problemas femininos foram praticamente desconsiderados. Dores durante as relações sexuais, por exemplo, eram consideradas normais e não havia uma preocupação com isso.
Hoje o cenário é diferente. As mulheres procuram soluções para seus problemas, para suas dores, independentemente do que outras pessoas achem, e isso é fundamental para melhorar e preservar a qualidade de vida. Viver com dor não é normal nem deve ser normalizado.
Uma das condições mais incômodas para mulheres sexualmente ativas é o vaginismo, que hoje é considerado uma disfunção sexual e está dentro do espectro de uma condição chamada transtorno da dor gênito-pélvica/penetração, como definido no DSM-V. Neste texto, no entanto, vamos utilizar o termo vaginismo por ser mais conhecido e mais fácil de compreender.
O que é vaginismo?
O vaginismo é a contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico quando há tentativa de relação sexual vaginal.
O vaginismo é uma condição ginecológica bastante incômoda que causa dores associadas a:
- Penetração;
- Contração dos músculos que formam o assoalho pélvico;
- Medo ou ansiedade intensa da dor antes da relação.
Como a mulher já sabe que vai sentir dor, ela geralmente não consegue relaxar durante a relação sexual e isso pode aumentar ainda mais a dor.
Prevalência
Existe uma dificuldade para dimensionar a prevalência do vaginismo no mundo, mas sabe-se que muitas mulheres reclamam de dores durante ou até mesmo antes da relação sexual. Por isso, se você estiver em dúvida, procure um médico. Só ele poderá te avaliar, diagnosticar a doença e propor o melhor tratamento, que sem dúvida melhorará sua qualidade de vida.
Além disso, é bastante comum o vaginismo coexistir com outras condições médicas, como atrofia vaginal, endometriose, DIP (doença inflamatória pélvica) e outras.
Sintomas de vaginismo
Os sintomas são fundamentais para o diagnóstico de vaginismo. O principal sintoma é a dor na tentativa de penetração vaginal (dispareunia superficial que pode ser causada por fatores físicos ou psicológicos), assim como as dificuldades relacionadas a isso, como ansiedade intensa de forma antecipada ao ato sexual.
As dificuldades de penetração vaginal durante a relação sexual persistem por pelo menos 6 meses e causam um sofrimento significativo na mulher.
É importante diferenciar os sintomas de outras condições para que o diagnóstico seja preciso e o tratamento seja efetivo.
Diagnóstico de vaginismo
Assim como qualquer outra doença, existem critérios para diagnosticar o vaginismo. Os principais são 4:
- dificuldade marcante para ter relações/penetrações sexuais;
- dor gênito-pélvica;
- medo de dor ou de penetração vaginal;
- tensão dos músculos do assoalho pélvico.
A análise clínica deve ser bastante criteriosa. O que determina o diagnóstico é mais a intensidade de um desses critérios do que o critério em si. Qualquer um deles é suficiente, dependendo da intensidade, para causar sofrimento significativo na mulher.
Por exemplo, a mulher pode ter dificuldade para fazer exames ginecológicos de rotina. Essa é uma situação mais incomum, mas existe. Não necessariamente o problema esteja relacionado apenas à penetração durante uma relação sexual. Dessa forma, essa dificuldade de penetração varia. Ele pode ser desde impossível em qualquer situação de penetração até suportável em algumas situações e insuportável em outras.
Os outros critérios também seguem essa mesma lógica. A dor, o medo e a tensão podem variar de uma mulher para outra, de uma situação para outra. Por isso, é importante investigar qualquer tipo de alteração física e psicológica que a mulher tiver em relação à penetração. Não tenha vergonha. O vaginismo afeta intensamente a qualidade de vida das mulheres e precisa ser tratado.
Tratamento do vaginismo
O tratamento do vaginismo depende das características da doença. A paciente passa por uma avaliação detalhada para que sejam identificados os fatores que provocaram a doença. O tratamento, geralmente, envolve algumas técnicas que têm a finalidade de mitigar a dor e devolver a qualidade de vida à paciente, como toxina botulínica e fisioterapia pélvica.
Toxina botulínica
Clostridium botulinum é a bactéria que produz uma toxina perigosa em altas concentrações, que é a toxina botulínica. Em altas quantidades no corpo, ela causa o botulismo, uma doença grave que ataca o sistema nervoso e pode levar a diversas complicações sérias, como paralisia da musculatura respiratória, pernas e braços, comprometimento de nervos cranianos, entre outras.
Em baixas doses e aplicada para tratar o vaginismo, essa toxina tem um efeito relaxante nos músculos do assoalho pélvico, reduzindo a dor.
A dose e a diluição da toxina botulínica para essa aplicação varia amplamente, dependendo do grau da doença.
Fisioterapia pélvica
Hoje a fisioterapia pélvica tem ampla indicação. Ela oferece benefícios durante o pré-natal e o pós-parto, no tratamento da incontinência urinária e de prolapsos, assim como quando a mulher relata dor durante as relações sexuais.
Dessa forma, a fisioterapia pélvica pode ser uma indicação para o tratamento do vaginismo, uma vez que atua diretamente nos músculos do assoalho pélvico.
A paciente também precisa passar por uma avaliação para que o médico entenda se a fisioterapia pélvica pode ser uma indicação para o tratamento de vaginismo.
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