A dermatite de contato é uma doença dermatológica associada ao contato com determinadas substâncias. Trata-se de uma condição alérgica que não se manifesta de forma imediata. Somente após cerca de 48 horas (ou mais) de contato com o agente desencadeante é que os sintomas aparecem.
Essa condição não é tão comum e pode estar relacionada a uma variedade de alérgenos e fatores irritantes. A bateria brasileira padrão lista 30 substâncias para o teste de contato, em que estão incluídos: sulfato de níquel, bricomato de potássio, formaldeído, neomicina, lanolina e vários outros. Dentre os elementos listados, o níquel é um dos que mais causa a dermatite de contato.
O níquel está presente em bijuterias, fivelas de cinto e sapato, botão de roupas etc. Pessoas com esse tipo de alergia podem, por exemplo, ter uma inflamação na orelha dois ou três dias após usar um brinco. Entretanto, a reação adversa a essa e outras substâncias somente ocorre quando existe predisposição genética para sensibilização. O grau de exposição ao elemento desencadeante também influencia.
Causas da dermatite de contato
A dermatite de contato pode ser irritativa ou alérgica, a primeira é mais comum e compreende até 80% dos casos. No quadro irritativo, o componente adverso causa reação inflamatória direta na pele e pode ocasionar mais dor do que coceira.
Alguns exemplos de substâncias irritantes que causam a dermatite são:
- elementos ácidos e alcalinos;
- solventes químicos, incluindo removedores de esmalte (acetona);
- cosméticos;
- inseticidas;
- sabão, sabonete, detergente e outras produtos de limpeza;
- alguns tipos de plantas.
A dermatite de contato alérgica envolve a sensibilização do sistema imunológico e as reações acontecem mediante o contato com alérgenos específicos. Nesses quadros, as causas da doença são exógenas (exposição ao elemento adverso) e endógenas (reação exagerada do sistema de defesa do organismo).
As substâncias que mais provocam dermatite de contato alérgica são encontradas em:
- alguns metais, como níquel e cobalto;
- látex;
- tecidos sintéticos;
- fragrâncias;
- cosméticos — esmalte de unha, shampoo, creme hidratante, tintura de cabelo;
- medicamentos de uso tópico — antibióticos, antifúngicos e anestésicos;
- algumas plantas, como a hera venenosa.
As dermatites de contato também podem estar associadas à exposição ocupacional. O contato frequente com determinados componentes acaba por desencadear as respostas inflamatórias na pele. É o caso, por exemplo, de pessoas que trabalham na construção civil e lidam diariamente com cimento, tinta de parede etc.
Profissionais de diversas áreas podem desenvolver a dermatite de contato. Em muitos desses casos, é preciso mudar de setor no trabalho, ou até de profissão, para evitar à exposição ao fator desencadeante. Pessoas da área da saúde que trabalham em centro cirúrgico e têm alergia ao látex – vale lembrar que a alergia ao látex tem amplo espectro clínico –, por exemplo, podem enfrentar sérias dificuldades. Existe até anafilaxia ao látex (reação súbita e potencialmente fatal), embora seja rara.
Principais sintomas
A dermatite de contato pode se manifestar em várias partes do corpo e muitas vezes isso dificulta o diagnóstico. Um exemplo é o caso de reação ao esmalte de unhas — ao coçar o olho, a pessoa pode desenvolver um eczema periorbitario ou palpebral e dificilmente vai suspeitar que a origem do problema está nas unhas.
Os sintomas da dermatite de contato não costumam causar intenso incômodo, o que depende do grau de manifestação e da sensibilização do paciente. O portador nem sempre procura avaliação médica, sobretudo quando as reações são leves.
A dermatite de contato é caracterizada por lesão eczematosa, com sintomas de vermelhidão, descamação e coceira. Na dermatite por substâncias irritantes, pode haver dor local mais acentuada que a coceira em si, já a doença alérgica é marcada por prurido intenso. Em ambos os tipos, pode haver erupção cutânea, apresentando inchaço e bolhas de tamanho variável (diminutas ou grandes).
Além dos sintomas mencionados, que são os principais, o portador de dermatite de contato ainda pode sentir ardor ou queimação na área afetada pela substância adversa.
Avaliação diagnóstica
As pessoas que mais procuram a avaliação do médico alergista são mulheres que têm reação a cosméticos, assim como profissionais com dermatite ocupacional e pacientes com manifestações graves. O diagnóstico da dermatite de contato pode ser difícil de concluir.
A abordagem de investigação abrange: anamnese para levantar informações sobre a história clínica do paciente e verificar se existe sensibilização alérgica; exame físico para localizar e caracterizar as lesões; realização de testes cutâneos.
Durante a avaliação clínica, também é importante fazer as associações dos quadros alérgicos. Por exemplo, o paciente com sensibilização ao níquel pode ter uma piora quando consome alimentos enlatados — sardinha, atum, milho verde etc. Nesses casos, a doença pode ser confundida com alergia alimentar.
A investigação da dermatite de contato precisa ser feita com minúcia. Como as manifestações demoram horas ou dias para ocorrer, torna-se necessário elencar todos os produtos que o paciente tem contato no dia a dia, tanto em casa, quanto no trabalho.
Feito isso, o paciente é indicado ao Patch test, o teste dos adesivos. Trata-se de um exame com várias placas que contêm o extrato das substâncias que fazem parte da bateria padrão dos elementos que causam a dermatite de contato.
Para testar o paciente, os adesivos são colados em suas costas, onde devem permanecer por 48 horas. Assim, é feito o teste de leitura tardio e uma segunda leitura novamente é realizada 48 horas após a primeira.
As substâncias utilizadas são escolhidas de acordo com a suspeita médica, com base nos dados levantados na anamnese. Se o paciente testar positivo, a lesão aparece na região da placa correspondente ao componente que provoca a dermatite.
Formas de tratamento
Apesar da complexidade da investigação diagnóstica, o tratamento da dermatite de contato é relativamente simples e consiste em retirar do dia a dia do paciente os produtos que contenham a substância adversa.
Portanto, não é necessário intervenção com imunoterapia ou dessensibilização. O paciente pode fazer uso de corticoides tópicos para melhorar os sintomas, mas a única forma efetiva de tratar a dermatite de contato é a retirada do elemento desencadeante.