A síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia compressiva que afeta os membros superiores — precisamente o punho, a mão e os dedos. Nessa condição, ocorre a compressão ou tração do nervo mediano ao nível do punho, onde está localizado o canal do carpo, por onde passam os tendões flexores e o nervo mediano.
O túnel do carpo é uma estrutura anatômica situada entre a mão e o antebraço, sendo assim chamado por consistir em uma passagem estreita, semelhante a um túnel, por onde nervos, ligamentos e tendões unem o pulso e a mão.
O nervo mediano é um dos que passam pelo túnel do carpo, garantindo sensibilidade ao polegar e aos dedos indicador e médio, além de alcançar também a face radial do dedo anelar. Quando ocorre um aumento de pressão dentro do canal do carpo, o nervo mediano sofre a compressão, desencadeando a doença.
A síndrome do túnel do carpo é a mais comum entre as condições compressivas de nervos periféricos e acomete principalmente a população economicamente ativa, com idade entre 30 e 60 anos. Além disso, a síndrome atinge as mulheres em maior proporção, com uma prevalência de 9,2% frente aos 0,6% de homens que desenvolvem o quadro. O pico de incidência ocorre na faixa dos 40 aos 59 anos.
Ainda que o problema possa regredir espontaneamente, o curso mais comum da doença envolve o agravamento dos sintomas. Em níveis graves, a síndrome do túnel do carpo apresenta prejuízos às funcionalidades das mãos, além da dor que tende a impactar adversamente a qualidade de vida da pessoa.
Causas da síndrome do túnel do carpo
Em grande parte dos casos, a síndrome do túnel do carpo é considerada idiopática, isto é, sem causas conhecidas. Contudo, sexo, idade, obesidade, alterações hormonais, reumatismo, tabagismo, fatores genéticos e atividades manuais repetitivas são importantes condições de predisposição ao desenvolvimento da síndrome.
A síndrome do túnel do carpo pode ser secundária a anomalias como:
- luxação do carpo;
- fraturas;
- problemas articulares, incluindo artrose, rizartrose, artrite inflamatória ou infecciosa etc.;
- tenossinovites;
- alterações hormonais e metabólicas, como gravidez, hipotireoidismo e diabetes;
- hipertrofia arterial persistente do nervo mediano;
- tumor intratúnel.
Patologias laborais também estão frequentemente associadas à síndrome do túnel do carpo. Movimentos de alta repetitividade que envolvem flexão e extensão do punho e dos dedos, assim como supinação do antebraço podem levar ao problema.
Do mesmo modo, atividades com exposição frequente à vibração dos membros superiores, que exigem o uso de força ou compressão mecânica da palma das mãos aumentam o risco de desenvolver a síndrome.
Sintomas da síndrome do túnel do carpo
Os sintomas mais comuns da síndrome são dor, diminuição da sensibilidade (hipoestesia) e sensações anormais como formigamentos (parestesias) que abrangem o punho, a mão e os dedos — exceto a área do dedo mínimo. Nos casos mais graves, a dor pode irradiar para o braço e o ombro.
O paciente também pode perceber sua força de preensão reduzida, interferindo no movimento de pinça e dificultando ações simples como manipular pequenas estruturas, segurar uma xícara ou mesmo dar um aperto de mão.
A sintomatologia pode variar de intensidade de acordo com o nível da doença. No estágio inicial ou precoce, os sintomas aparecem somente no período noturno. No nível intermediário, as manifestações podem ocorrer durante a noite ou o dia. No grau avançado da síndrome, as apresentações clínicas são permanentes, acarretando déficit sensitivo e motor.
Investigação diagnóstica
A avaliação diagnóstica do paciente com suspeita de síndrome do túnel do carpo passa por anamnese, testes de provocação, análise de morbidades associadas e diagnóstico diferencial. Entre os testes principais e os exames complementares que podem ser solicitados para confirmação do quadro, estão:
- Sinal de Tinel;
- Teste de Durkan;
- Sinal de Phalen;
- Teste de Paley e McMurphy;
- Teste de compressão em flexão do punho;
- Pontuação de Katz;
- Teste de monofilamentos de Semmes-Weinstein;
- Ultrassonografia;
- Exame eletroneuromiográfico.
Formas de tratamento para síndrome do túnel do carpo
Os tratamentos para síndrome do túnel do carpo incluem abordagens conservadoras e cirúrgicas. A conduta terapêutica considera o nível de comprometimento funcional dos membros, a intensidade dos sintomas e a resposta aos métodos de intervenção não cirúrgica.
No contexto das terapias médicas conservadoras, comprova-se a eficácia da infiltração de corticoides e da imobilização do punho por órteses. Outras possibilidades já foram levantadas, mas ainda sem comprovação científica de eficácia, como tratamentos a laser, uso de diuréticos, vitaminoterapia, entre outros.
Nos casos mais severos da síndrome, ou quando há resistência ao tratamento conservador, a cirurgia é indicada. O objetivo do manejo cirúrgico é reduzir a pressão no interior do túnel do carpo com a secção do retináculo dos flexores.
O procedimento pode ser feito em ambiente ambulatorial, com anestesia local, por meio de três diferentes técnicas cirúrgicas: endoscópica, miniopen ou procedimento aberto.
Também é importante tratar os distúrbios de base, ou patologias subjacentes, que podem desenvolver ou exacerbar a síndrome do túnel do carpo, como artrite, rizartrose ou tenossinovite. Por fim, modificações mecânicas e ergonômicas podem ser necessárias para excluir os fatores que agravam o quadro, a exemplo do trabalho manual extenuante, repetitivo ou em condições inadequadas.