A lipoaspiração e o implante de silicone mamário são os procedimentos mais conhecidos no campo da cirurgia plástica. No entanto, as inovações científicas e as transformações culturais têm favorecido o desenvolvimento e a popularização de outras técnicas, como o enxerto de gordura.
Nesse cenário, a lipoenxertia glútea vem ganhando destaque. Trata-se de um procedimento complementar à lipoaspiração e permite que a gordura retirada seja reinjetada em áreas irregulares, a fim de melhorar o contorno corporal. Dessa forma, é possível aumentar e modelar os glúteos utilizando a própria gordura da paciente.
Do mesmo modo, os enxertos podem beneficiar outras partes do corpo, como as mamas. A técnica é chamada de mamoplastia híbrida e reúne os dois procedimentos: implante de silicone mamário e enxerto de gordura. Assim, conseguimos preencher os seios da paciente de forma mais harmônica e mantendo um aspecto natural.
Enxerto de gordura em cirurgia estética
As células de gordura são envolvidas por fibras colágenas e elásticas e constituem o tecido adiposo. Suas principais funções são armazenar e liberar energia, além de fornecer proteção mecânica e homeostasia térmica. Quanto ao seu aspecto estético, esse tecido, em quantidade adequada, ajuda na harmonização do contorno corporal — tanto o excesso quanto o número muito reduzido de células de gordura alteram o biotipo do indivíduo.
A literatura médica atual revela que o tecido adiposo é constituído por células mesenquimais, anteriormente chamadas de células-tronco. Tendo isso em vista, a utilização desse tecido tem sido direcionada aos tratamentos de medicina regenerativa.
Nas aplicações clínicas, o enxerto de gordura é indicado para redefinição volumétrica de contorno corporal. A técnica é válida para correção de diversas irregularidades no corpo, provocadas pelo envelhecimento, por traumas ou por fatores congênitos.
O transplante de tecido adiposo envolve quatro etapas: obtenção do tecido, preparação, enxertia e recuperação. Primeiramente, a gordura é obtida por meio de uma lipoaspiração. Entretanto, o material é aspirado com todos os seus componentes — sangue, coágulos, fragmentos de colágeno, adipócitos viáveis e inviáveis e gordura livre — e precisa ser devidamente preparado para manter a viabilidade dos enxertos.
Na etapa do preparo, o tecido lipoaspirado é decantado, permitindo a sobrevivência e a integração das células adiposas. Depois disso, o enxerto de gordura é realizado nas áreas receptoras do corpo previamente demarcadas. Assim como na lipoaspiração convencional, o pós-operatório requer alguns cuidados para reduzir o edema e prevenir infecções — como uso de medicamentos — e a recuperação ocorre gradualmente.
Os resultados são visíveis por volta de seis semanas após a enxertia e normalmente contribuem para melhoras expressivas no contorno corporal. O risco de complicações relacionadas a esse tipo de cirurgia estética é baixo, mas resultados adversos já foram relatados, incluindo infecções, microcalcificações, pseudocistos, embolias e aumento do volume dos enxertos.
Contudo, os benefícios são evidentes. As células mesenquimais que constituem o tecido adiposo reorganizam as fibras elásticas abaixo da pele e corrigem pequenas deformidades em várias partes do corpo atuando no volume, harmonização e na melhora da qualidade da pele pelo estímulo à produção de colágeno.
Lipoenxertia glútea
A lipoenxertia glútea reúne dois procedimentos de alta procura pelos pacientes: lipoaspiração e aumento dos glúteos. Utilizamos o aparelho de vibrolipoaspiração, que facilita o deslocamento e a retirada da gordura sem alterar a estrutura das células de gordura, sendo um facilitador nessa cirurgia.
A gordura é removida das áreas de acúmulo de gordura localizada, como a região abdominal, flancos, coxas, costas, laterais dos seios, entre outras partes. Após a vibrolipoaspiração, o tecido adiposo é preparado e injetado nos glúteos, não apenas para aumentá-los, mas também para remodelá-los, atingindo um formato proporcional, harmônico e preenchendo irregularidades e depressões da pele nessa região.
No caso específico de irregularidades ou depressões causadas por celulite, trauma ou cicatriz prévia, acrescentamos o procedimento de subcision (subcisão) para soltar o tecido deprimido, irregular e facilitar o posterior preenchimento desse espaço com a gordura. De modo claro, trata-se de tirar a gordura dos locais indesejados e colocá-la onde é necessário.
É oportuno mencionar que, em estudos recentemente realizados, constatamos que o enxerto de gordura glútea subcutâneo é eficaz a longo prazo — o que representa uma informação importante no âmbito da cirurgia plástica, uma vez que existe um risco maior de complicações quando a gordura é injetada por via intramuscular, sobretudo embolia gordurosa.
Em outro artigo publicado, mostramos com o uso de ultrassom durante a lipoenxertia glútea e no acompanhamento pós-operatório uma baixa taxa de absorção (menor que 20%) da gordura enxertada. Portanto, trata-se de um método seguro que atinge alto grau de satisfação e nos dias atuais quase sempre associado à cirurgia do contorno corporal.
Mamoplastia híbrida
A mamoplastia híbrida é um refinamento das técnicas de cirurgias mamárias com implantes de silicone. Nesse caso, temos uma combinação de dois procedimentos estéticos — implante de silicone mamário e lipoenxertia —, com a finalidade de alcançar resultados mais satisfatórios, aprimorando o contorno.
Da mesma forma que no enxerto glúteo, a gordura é retirada das áreas com tecido adiposo em excesso por meio de vibrolipoaspiração. Após o preparo do material, as células de gordura são enxertadas em pontos específicos da mama. Isso permite um melhor preenchimento dos seios, ressaltando seu desenho, deixando-os contornados e com uma definição natural.
O enxerto de gordura nas mamas pode ser indicado em diferentes tipos de cirurgia: mamoplastia de aumento e mastopexia. Com base na ampla gama de aplicações da lipoenxertia, podemos dizer que o ponto alto da cirurgia plástica talvez não seja somente remover gordura, mas também acrescentá-la ao corpo — porém, nos locais necessários.