A síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia do tipo compressiva, isto é, causada pela pressão persistente aplicada sobre um nervo. Os nervos são estruturas do sistema nervoso periférico que transmitem as informações do corpo até o sistema nervoso central (e vice-versa), como as sensações físicas (dor, calor e tato, por exemplo), o tônus muscular e o comando para os movimentos.
A compressão compromete a passagem do sinal, podendo resultar em diferentes sintomas, como restrição de movimentos e perda da sensibilidade tátil. Quer saber mais? Acompanhe!
A síndrome do túnel do carpo
O túnel do carpo é a estrutura anatômica na articulação do punho, entre a mão e o antebraço. Ele recebeu esse nome, pois consiste em um canal estreito em forma de túnel por onde passam estruturas delicadas responsáveis por trazer a destreza e a fineza que somente as mãos humanas têm dentre todos os animais.
Veja a seguir as estruturas passam pelo túnel do carpo:
- Quatro tendões flexores superficiais dos dedos;
- Quatro tendões flexores profundos;
- Tendão do flexor longo do polegar;
- Nervo mediano.
A síndrome do túnel do carpo é provocada pela compressão ou tração do nervo mediano durante seu trajeto pelo canal do carpo. Sua principal função nas mãos é transmitir as sensações do polegar, do dedo indicador e do dedo médio e a superfície radial do dedo anular. Portanto, quando a pressão aumenta no túnel do carpo, o nervo mediano pode ser comprimido na síndrome tema deste post.
Sintomas da síndrome do túnel do carpo
Os principais sintomas da síndrome do túnel do carpo são:
- Dor no punho;
- Diminuição da sensibilidade (hipoestesia);
- Dormência ou formigamento (parestesias).
Uma característica muito interessante desses sintomas é que eles poupam o dedo mínimo (o “mindinho”), pois ele não é inervado pelo nervo mediano. Outros aspectos importantes são:
- Irradiação — em casos leves, os sintomas se restringem às regiões após o túnel do carpo. Contudo em casos graves, a compressão é tão intensa que a dor se reflete para os braços e ombros;
- Duração e frequência — o ciclo dos sintomas ao longo do dia pode trazer informações valiosas para caracterizar a gravidade do quadro. Em estágios iniciais, ela aparece principalmente no período noturno. Em casos moderados, os sintomas podem surgir a qualquer momento do dia. Em graus mais avançados, os sintomas são permanentes com déficit sensitivo e motor;
- Acometimento funcional — as estruturas que passam pelo túnel do carpo estão envolvidas no principal movimento que dá funcionalidade às mãos humanas, o movimento de pinça. Ele é essencial tanto para o trabalho quanto pra as atividades cotidianas (como segurar as escovas de dentes, digitar e gesticular) quanto ocupacionais. Portanto, sem tratamento adequado, há um grande prejuízo para o indivíduo.
Quando o acometimento é leve ou moderado, os sintomas podem regredir espontaneamente e apresentarem uma melhora definitiva. No entanto, isso não deve adiar a busca por um ortopedista. Afinal, a avaliação ortopédica avaliará extensivamente a articulação em busca das causas da síndrome. A intervenção precoce, mesmo que consista apenas no afastamento temporário do trabalho, evita a progressão para complicações incapacitantes.
Diagnóstico e tratamento
Os primeiros passos para o diagnóstico envolvem a anamnese (entrevista clínica) e o exame físico executados por um médico experiente e capacitado. Com isso, ele poderá caracterizar seu quadro clínico, os fatores desencadeantes da síndrome, seu histórico de saúde e outros pontos importantes para elaborar uma hipótese diagnosticada adequada. Isso evita que você passe por exames desnecessários e adie o início do tratamento.
Nesse sentido, é importante a identificação de alguns fatores de risco, como:
- Sexo;
- Idade;
- Obesidade;
- Alterações hormonais;
- Reumatismo;
- Tabagismo
- Fatores genéticos.
Em grande parte, esses fatores estão relacionados a uma maior propensão a edemas locais (devido a processos inflamatórios ou acúmulo de líquido no espaço extracelular).
A exposição ocupacional a movimentos repetitivos sem cuidados ergonômicos (como as pausas periódicas) também é dos principais fatores de risco. Nesses casos, ocorrem pequenas lesões sucessivas sem que o punho tenha tempo para se regenerar adequadamente. No ápice desse processo, surge a síndrome do túnel do carpo.
Para avaliar o impacto funcional da síndrome do túnel do carpo, o médico pode aplicar questionários padronizados, como o Teste de Katz. No exame físico, podem ser realizados alguns testes de neuropatia do nervo mediano, como:
- Sinal de Tinel;
- Teste de Durkan;
- Sinal de Phalen;
- Teste de Paley e McMurphy;
- Teste de compressão em flexão do punho;
- Teste de monofilamentos de Semmes-Weinstein.
Para complementar a avaliação clínica, podem ser requisitados exames com boa sensibilidade para as disfunções do punho, como a ultrassonografia e a eletroneuromiografia.
A síndrome do túnel do carpo também pode surgir secundariamente a outras condições, tais quais:
- problemas articulares, incluindo artrose, rizartrose, artrite inflamatória ou infecciosa e tenossinovites;
- fraturas;
- alterações hormonais e metabólicas, como gravidez, hipotireoidismo e diabetes;
- tumor intratúnel;
- luxação do carpo;
- hipertrofia arterial persistente do nervo mediano.
Por tudo isso, a avaliação clínica experiente e especializada pode acelerar o processo diagnóstico. Assim, o tratamento da síndrome do túnel do carpo poderá ser iniciado precocemente. De forma simplificada, os casos mais leves podem ser tratados com infiltração de corticoides, a imobilização do punho por órteses, medicações orais e terapia ocupacional ou fisioterapia.
O afastamento temporário dos riscos ocupacionais também é essencial. Casos mais graves ou refratários podem ser candidatos a descompressão cirúrgica (endoscópica, miniopen ou procedimento aberto).
Quer saber mais sobre a síndrome do túnel do carpo e seu acompanhamento por um ortopedista? Confira este texto sobre o tema!