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FIV (fertilização in vitro): conheça as etapas

Por: Dra. Fabrícia Leal Zaganelli

A fertilização in vitro, também conhecida como FIV, é a técnica mais utilizada na reprodução assistida. Afinal, ela pode auxiliar na recuperação da fertilidade até mesmo em casos mais graves de dificuldade para engravidar espontaneamente. Um dos grandes motivos de sua eficácia é a possibilidade de individualizar as suas etapas e agregar terapias complementares de acordo com as demandas e características do casal.

Isso é muito importante, pois as causas de infertilidade são muito diversas. Elas podem ocorrer devido a fatores masculinos, femininos ou de ambos os parceiros (a forma mais comum). Além disso, é possível que, após a investigação do homem e da mulher, nenhuma alteração seja encontrada, — condição denominada como infertilidade sem causa aparente (ISCA).

Desse modo, poder adaptar e agregar diferentes ferramentas a uma técnica terapêutica, como a FIV, pode melhorar o prognóstico do casal reprodutivo. Quer entender melhor? Acompanhe o nosso post!

Como são os tratamentos de reprodução assistida, como a FIV?

Todas as técnicas de reprodução assistida são feitas em etapas, desde as mais simples, como o coito programado, até as mais complexas.

Avaliação da saúde reprodutiva do casal

O início de todo o processo de reprodução assistida envolve uma avaliação clínica detalhada com uma conversa do médico com o casal a fim de conhecer suas expectativas, a história de saúde geral e reprodutiva, o contexto conjugal, entre outros pontos.

Então, também é feito um exame físico completo em busca de sinais de alterações no organismo do casal. Depois disso, são requisitados exames complementares para aprofundar a investigação das causas de infertilidade no homem e na mulher.

Elaboração e reavaliação de um plano terapêutico

A partir dos achados nos exames complementares, busca-se uma terapia individualizada para as necessidades específicas de cada casal. São programadas etapas cíclicas de aplicação das técnicas de reprodução assistida e avaliação dos resultados.

Ter múltiplos ciclos de tentativas e de reavaliação permite que possamos identificar fatores que podem ter influenciado nas falhas anteriormente e corrigi-los. Isso pode melhorar o prognóstico da fertilidade durante e depois do tratamento de reprodução assistida.

As etapas da FIV

Diante do que vimos no item acima, a FIV pode ser indicada tanto como tratamento inicial devido a causas mais complexas de infertilidade ou pelo desejo do casal quanto como uma opção de salvaguarda caso os ciclos de outros métodos mais simples tenham falhado.

Indução ou estimulação da ovulação

A estimulação ovariana é uma terapia com a finalidade de estimular a liberação de um maior número de óvulos. Recomenda-se a coleta de 5 a 15 gametas femininos, pois isso traz uma margem de segurança maior para a execução de diversos ciclos de FIV.

Caso algumas células coletadas não sejam utilizadas, elas poderão ser criopreservadas. Por sua vez, se a paciente tiver óvulos coletados e criopreservados anteriormente, a indução e a coleta de gametas não é realizada novamente.

A coleta dos óvulos (folículos) é realizada 35 h após seu amadurecimento (trigger). Em centro cirúrgico, é feita a punção ovariana sob anestesia, um procedimento minimamente invasivo com baixo risco de complicações.

Caso não sejam identificadas alterações significativas no espermograma, a coleta do sêmen é feita na própria clínica médica. Em um ambiente privado, o homem se masturba e coloca o material em um recipiente adequado. Depois disso, executa-se o preparo do sêmen com o objetivo de descontaminar a amostra e de selecionar os espermatozoides mais viáveis.

Diante de condições patológicas do homem, técnicas complementares podem ser utilizadas, como:

  • coleta de espermatozoides na urina — casos de ejaculação retrógrada grave;
  • coleta nos testículos ou no epidídimo por procedimentos cirúrgicos — infertilidade grave e ausência de espermatozoides viáveis no sêmen devido a vasectomias, varicocele ou outras condições patológicas;
  • bancos de sêmen — a recepção de doação de sêmen é uma opção na produção de espermatozoides viáveis ou diante de fatores que impedem a utilização dos gametas do parceiro (em condições hereditárias graves, por exemplo).

Fertilização ou fecundação (FIV clássica ou ICSI)

A fecundação, o encontro do espermatozoide com o óvulo, pode ser feita de duas formas principais:

  • clássica — os espermatozoides móveis e direcionais são colocados em uma placa com o óvulo para que a fecundação ocorra espontaneamente;
  • ICSI — injeção de um único espermatozoide dentro de cada óvulo, com o auxílio de um microscópio e uma agulha específica para esse fim.

A ICSI foi desenvolvida para melhorar o prognóstico de casos graves de infertilidade masculina. No entanto, atualmente pode ser aplicada em contextos mais amplos, tendo praticamente substituído a FIV clássica em muitos centros de reprodução assistida.

O número máximo de embriões que podem ser gerados em laboratório é 8.

Cultivo embrionário

Após a fecundação, os embriões devem ser cultivados por até 5 dias, quando reúnem condições para se implantarem no endométrio da cavidade do útero da mulher. Durante esse período, são acompanhados por embriologistas, — os especialistas no desenvolvimento dos embriões.

Transferência embrionária

Para evitar gestações múltiplas que coloquem em risco a saúde da mulher, o Conselho Federal de Medicina determinou um limite quantitativo para a transferência de embriões em cada ciclo:

  • até 37 anos — 2 embriões;
  • acima de 37 anos — 3 embriões;
  • em caso de embriões euploides ao diagnóstico genético, até 2 embriões, independentemente da idade.

Os estudos mostram que as chances de sucesso de cada ciclo são influenciadas pela idade, decaindo após os 35 anos. A transferência de mais embriões é, portanto, uma forma de melhorar o prognóstico em pacientes que, pela idade, também apresentam menor risco de gemelaridade.

Manutenção da fase lútea com suporte hormonal

Naturalmente, após a ovulação, as células remanescentes do folículo secretam hormônios importantes para a manutenção da gestação. Na FIV, não ocorre esse processo, sendo necessária a suplementação farmacológica da fase lútea com a progesterona e o hCG. Essa terapia melhora as taxas de gestação e de nascimentos vivos.

Diante de tudo que vimos, a FIV é uma técnica muito importante para a reprodução assistida, permitindo a individualização do tratamento de cada casal. Em cada ciclo, as taxas de sucesso são, em média, de 40%.

Esse número, porém, é influenciado por diversos fatores, como a idade da mulher, a qualidade do embrião, a receptividade do endométrio e a qualidade técnica na execução de todas as etapas da fertilização in vitro.

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