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Avaliação geriátrica ampla: o que é e como é feita?

Por: Dra. Joana Azevedo Oliveira

A geriatria é a especialidade que cuida dos idosos, dos desafios e das doenças trazidas pelo envelhecimento. A terceira idade é uma fase da vida que traz mudanças muito complexas e intensas em diversos domínio da vida de um indivíduo. A Avaliação Geriátrica Ampla é um instrumento multidisciplinar que nos auxilia a individualizar o plano de cuidados desses pacientes.

Quer saber mais sobre ela? Acompanhe o nosso post!

O que é a avaliação geriátrica ampla?

A Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) é uma bateria de testes e instrumentos utilizados com a finalidade de obter uma visão geral e multidisciplinar dos parâmetros de qualidade de vida e de saúde do idoso, como:

  • Capacidade funcional;
  • Cognição;
  • Mobilidade;
  • Humor, entre outros pontos.

Com o processo de envelhecimento, surge uma maior predisposição a diversas condições médicas e limitações funcionais de origem biológico, psicológica e/ou social.

A AGA tem diversos objetivos muito importantes no acompanhamento da saúde do idoso:

  • Diagnóstico precoce de patologias que podem comprometer as perspectivas de qualidade de vida e bem-estar do paciente;
  • Identificação de eventuais medidas médicas e multidisciplinares (fonoaudiologia, fisioterapia, psicoterapia, entre outras) para assistir ao idoso;
  • Início de medidas preventivas com base nos fatores de riscos específicos e gerais, entre outros pontos.

Portanto, ao final de uma avaliação geriátrica ampla, poderemos propor um plano de cuidados individualizado com coordenação integrada entre várias áreas da medicina e da saúde como um todo.

Como a avaliação geriátrica ampla é feita?

A AGA segue um roteiro semiestruturado para que consigamos avaliar os principais domínios da qualidade de vida do idoso. Apesar de conter testes padrões, ela é sempre individualizada para cada pessoa, de acordo com as especificidades que ela apresentar durante as consultas.

Funcionalidade

A funcionalidade é como o idoso consegue fazer as atividades nos mais diversos níveis de complexidade. Para isso, são aplicados questionários estruturados com perguntas que abrangem diversas áreas da vida:

  • Escala das atividades básicas de vida diária (ABVD) —para identificar a capacidade do idoso de se cuidar ao exercer atividades simples, como ir ao banheiro, tomar banho e se alimentar;
  • Escala das atividades instrumentais de vida diária (AIVD) — são perguntas que avaliam a participação do idoso em tarefas comunitárias e sociais, como a interação com a família, vizinhos, entre outros pontos.

Eles são validados para a população idosa. Isso significa que os resultados podem auxiliar no diagnóstico de disfunções agudas ou crônicas, no prognóstico da sua qualidade de vida e na indicação de medidas assistenciais.

Domínios cognitivos

Com o envelhecimento, é natural o declínio progressivo das funções cognitivas, como:

  • Memória;
  • Aprendizado;
  • Linguagem;
  • Percepção;
  • Capacidade de execução de tarefas;
  • Orientação visuoespacial.

No entanto, em idosos saudáveis, o declínio cognitivo não compromete significativamente a sua capacidade de se cuidar. Nos transtornos neurocognitivos, porém, existe um grau de comprometimento maior, provocando uma maior dependência do idoso em relação a outras pessoas.

O principal teste para triar e acompanhar as funções cognitivas é o Mini-Mental State Examination, ou Miniexame do Estado Mental (MEEM). De acordo com a avaliação individual de cada idoso, ele poderá ser complementado por outros testes neuropsicológicos.

Humor

Por diversos fatores, sociais e biológicos, os idosos são mais suscetíveis a sintomas depressivos e ansiosos. Em alguns casos, eles dificultar a evolução do tratamento de condições crônicas ou, mesmo, podem configurar uma patologia psíquica. A avaliação do humor na AGA é feita inicialmente pela Escala de Depressão Geriátrica de 15 itens (GDS-15).

Mobilidade

A dificuldade de mobilidade é um dos principais fatores que causam uma maior dependência dos idosos, o que pode ser acompanhado de adoecimento psíquico. Além disso, predispõe o idoso a quedas, que é uma das causas mais comuns de morbimortalidade na terceira idade.

Os testes avaliam a propensão a acidentes a partir da velocidade da marcha e o tempo cronometrado para se levantar e andar.

Estado nutricional

Os idosos também são mais vulneráveis a problemas digestivos e doenças endocrinometabólicas. Com isso, é necessária uma atenção especial à dieta tanto em relação à carência de nutrientes quanto ao excesso no aporte calórico. A escala de Miniavaliação Nutricional (MAN) é utilizada para verificar as condições de saúde do paciente sob essas perspectivas.

Suporte social

Um dos principais fatores de saúde e de qualidade de vida do idoso é a presença de uma rede de suporte social forte. A privação de apoio emocional e a insuficiência de recursos materiais são um dos principais fatores de risco para o declínio funcional e a falha no controle das patologias geriátricas.

Na AGA, são feitos alguns testes que avaliam critérios, como:

  • Suporte social do idoso;
  • Nível de sobrecarga e estresse dos cuidados;
  • Relação do idoso com sua rede de cuidados.

Por que e quando a avaliação geriátrica ampla é indicada?

A avaliação geriátrica ampla é preferencialmente realizada no início do acompanhamento geriátrico de qualquer paciente. Depois disso, ela será refeita em intervalos periódicos para o avaliar longitudinalmente o idoso ou diante de sintomas que sugerem alguma patologia.

Isso é muito importante por diversos motivos, como:

  • Uma dos principais parâmetros para o diagnóstico de doenças do envelhecimento é um declínio progressivo em relação a níveis anteriores. A realização da AGA permite ter um marco inicial para comparações futuras;
  • Existem sinais e sintomas que são muito sutis e podem não ser abordados ou percebidos sem uma avaliação extensa dos sintomas;
  • Os desafios da terceira idade são multifatoriais e precisam de um olhar multidisciplinar para melhorar a qualidade de vida do idoso.

Portanto, a Avaliação Geriátrica Ampla é uma ferramenta imprescindível para os cuidados geriátricos. Ela permite o diagnóstico de diversos domínios da vida do idoso. Assim, podem ser identificados pontos de vulnerabilidade que precisam de um acompanhamento mais próximo, medidas tanto preventivas quanto terapêuticas.

Quer saber mais sobre a avaliação geriátrica e a sua importância para os idosos? Confira nosso artigo completo sobre o tema!

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