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Alzheimer: veja como identificar os sintomas

Por: Dra. Joana Azevedo Oliveira

As manifestações e a progressão do Alzheimer são muito diversas, com quadro clínicos muito distintos. Nas avaliações geriátricas vemos idosos diagnosticados com Alzheimer com diferentes níveis de funcionalidade, desde aquele que preserva a capacidade de fazer as tarefas do dia a dia até pacientes acamados devido ao avanço da doença.

Apesar de tratamentos promissores estarem sendo desenvolvidos, ainda não há uma cura para a doença. Da mesma forma, ainda não há exames de sangue ou de imagem que indiquem precisamente a presença da condição, apenas indicam possibilidades.

Por isso, o acompanhamento com o idoso com um geriatra é tão relevante. A partir de avaliações periódicas, ele poderá identificar sinais de declínio cognitivo com perda da funcionalidade.

Quer entender melhor? Acompanhe!

Sintomas de Alzheimer

O declínio das funções cognitivas é comum a todos os transtornos neurocognitivos, como a Doença de Alzheimer, sendo um requisito para o diagnóstico. Nossa mente apresenta capacidades, como:

  • Linguagem: —emitir, interpretar e responder à língua nas suas formas escrita e oral;
  • Memória: pode ser de curto prazo (eventos recentes) ou de longo prazo;
  • Orientação no tempo e espaço;
  • Inibição de comportamentos, entre outras.

Além disso, o padrão de comprometimento pode indicar uma maior probabilidade de um transtorno neurocognitivo específico. Por exemplo, na demência frontotemporal, o declínio da inibição de comportamentos e os problemas de linguagem são mais precoces, além de geralmente ficarem mais comprometidos em relação às outras funções.

Sinais mais específicos da Doença de Alzheimer

O comprometimento da memória recente é normalmente um dos primeiros sintomas a surgir, além de apresentar um declínio mais rápido em comparação às demais funções. Nas fases iniciais, evidencia-se dificuldade em recordar datas, nomes de pessoas e fatos ocorridos recentemente.

Com isso, também podem surgir dificuldades de autocuidado e situações que colocam o idoso em perigo, como:

  • Comprometimento da higiene pessoal;
  • Esquecer o fogão ligado;
  • Sair de casa e não se lembrar para onde iria ou como retornar;
  • Tomar medicações de forma incorreta.

Portanto, não deixe de procurar um geriatra sempre que você ou alguém sob seus cuidados apresentar sintomas, como:

  • Evidências de esquecimento persistente: elas surgem mesmo em tarefas simples do dia a dia, como esquecer onde deixou objetos, onde guardou dinheiro, como fazer um procedimento habitual (como cozinhar);
  • Alterações de personalidade: agressividade, reclusão, pensamentos negativos, entre outras manifestações. Nos idosos, o diagnóstico diferencial entre o transtorno depressivo e a Doença de Alzheimer é muito importante, pois têm muitos sintomas em comum. Inclusive, as doenças podem estar associadas em quadro comórbido;
  • Falhas no autocuidado.

A classificação da Doença de Alzheimer

Até alguns anos, a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson, entre outras formas de declínio cognitivo, eram chamadas de demência. Hoje em dia, um termo mais empático e técnico para se referir a eles é o transtorno neurocognitivo. Eles podem ser classificados de acordo com a gravidade: leve ou grave (que abrange os casos conhecidos como demência).

Transtorno neurocognitivo leve causado pela Doença de Alzheimer

No déficit cognitivo leve os sinais podem ser tão pequenos, que nenhum familiar e nem a própria pessoa percebe. Afinal, as perturbações na funcionalidade são pequenas ou imperceptíveis no cotidiano. Ou seja, na maioria das vezes, as pessoas podem associá-los ao processo normal de envelhecimento.

À medida que a doença evolui, podem ocorrer sinais de comprometimento mais significativos:

  • Dificuldade para lembrar palavras (prejuízo na linguagem) e coordenar movimentos;
  • Perambulação e agitação;
  • Mais sérios, como sair de casa e não lembrar o caminho de volta, entre outros.

Transtorno cognitivo grave causado pela doença de Alzheimer

Na forma grave, a funcionalidade do idoso já se encontra bastante comprometida, havendo prejuízos importantes em várias áreas. A queda da qualidade de vida se acentua à medida que surgem sintomas, como:

  • Incontinência urinária e fecal;
  • Dificuldade para se alimentar;
  • Resistência para realizar atividades rotineiras;
  • Declínio progressivo nas funções motoras.

Nos estágios finais da doença, o idoso pode ficar acamado e/ou se tornar completamente dependente para executar as atividades de vida diária. Ele possivelmente não reconhecerá as pessoas a sua volta. Com o aumento do nível de adoecimento (morbidade), surgem infecções, as quais são causas frequentes de mortalidade.

Prevenção do Alzheimer

O Alzheimer é uma doença multifatorial. Apesar de não sabermos ao certo seu mecanismo, componentes genéticos, ambientais e metabólicos parecem estar envolvidos na gênese e na progressão da doença. Os estudos têm mostrado a possibilidade dos seguintes fatores de risco:

  • Idade;
  • Gênero feminino;
  • Histórico familiar;
  • Baixo nível de escolaridade;
  • Hipertensão arterial na meia-idade;
  • Diabetes;
  • Tabagismo;
  • Inatividade física e cognitiva;
  • Depressão;
  • Baixo suporte social;
  • Solidão, falta de relacionamento conjugal ou de contato com familiares.

Ou seja, em geral, são fatores relacionados a uma pior saúde cardiovascular, à redução da reserva cognitiva e à herança familiar. A prevenção é feita com bons hábitos de vida, como alimentação saudável, exercício físicos e estimulação cognitiva.

O médico geriatra tem um papel essencial, pois o controle adequado das doenças crônicas (como hipertensão e diabetes mellitus tipo 2) pode ser um fator de proteção contra a doença de Alzheimer.

Além disso, um melhor prognóstico de evolução da doença está relacionado ao diagnóstico precoce do transtorno neurocognitivo. Isso pode ser feito com testes neuropsiquiátricos, como o Miniexame do Estado Mental, um conjunto de 30 perguntas que avalia as seguintes funções:

  • Atenção;
  • Memória;
  • Linguagem;
  • Orientação temporal e espacial;
  • Cálculo.

Assim, podemos identificar indícios de transtorno neurocognitivo leve e iniciar uma investigação mais aprofundada. O diagnóstico do Alzheimer é confirmado após a documentação do declínio cognitivo com perda da funcionalidade por ferramentas neuropsiquiátricas e pela exclusão de outras causas orgânicas, como o acidente vascular cerebral.

Ainda não há cura para a doença. Por isso, o tratamento envolve a reabilitação neurocognitiva para as atividades cotidianas com uma equipe multidisciplinar e medicamentos para controle comportamental e progressão rápida da doença.

Quer saber mais sobre a doença de Alzheimer, sua causa e seu tratamento? Confira nosso artigo institucional sobre o tema!

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